Da Redação – Convidados pelo papa Francisco, prefeitos que compõem a diretoria da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) participarão de agenda sobre Desenvolvimento Sustentável, em Roma, no Workshop “Escravidão Moderna e Mudanças Climáticas: o Compromisso das Cidades”, no dia 21 de julho e do Simpósio “Cidades e o Desenvolvimento Sustentável”, no dia 22.
Os prefeitos de Belo Horizonte (MG), Marcio Lacerda, presidente da entidade; de São Paulo (SP), Fernando Haddad, vice-presidente; de Porto Alegre (RS), José Fortunati, vice-presidente de Relações Institucionais; do Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes, vice-presidente de Relações com o Congresso Nacional; de Salvador (BA), ACM Neto, 2º secretário da FNP; de Curitiba (PR), Gustavo Fruet, vice-presidente de Urbanismo e Licenciamento e de Goiânia (GO), Paulo Garcia, vice-presidente estadual, participarão das atividades.
Os eventos dão continuidade ao posicionamento expressado na Encíclica “Laudato Si” divulgada recentemente. A delegação brasileira integra um grupo de 50 prefeitos do mundo todo. “A iniciativa do Papa em promover esta reunião é uma demonstração clara de que existe um consenso sobre a relevância dos prefeitos, não apenas na discussão dos problemas globais, mas, principalmente, na operacionalização das suas soluções”, afirmou Lacerda.
Os brasileiros, que estarão em Roma, levarão também a preocupação local para estreitar o diálogo sobre os temas que atingem às cidades no que diz respeito às decisões da cúpula do clima (COP 21), que acontecerá em dezembro, na capital francesa. Na ocasião líderes dos 196 países integrantes da ONU vão promover o debate e acordar diretrizes de como lidar com as mudanças climáticas.
Para Fortunati, mais do que o reconhecimento do trabalho que já está sendo desenvolvido nas cidades convidadas, o convite do papa Francisco é um chamamento do Vaticano para o debate e o estabelecimento de uma agenda mundial comum e compartilhada. “O mundo está mudando rapidamente e, neste novo contexto, as cidades cada vez mais ganham papel destaque não somente na execução, mas também na definição de políticas em temas de interesse global, como a questão das mudanças climáticas”, enfatizou.
Segundo o prefeito de Goiânia, o convite é um dos mais importantes que já recebeu. “No documento eclesiástico, Sua Santidade aborda a situação ambiental, como as mudanças climáticas, o combate à pobreza e à escravidão moderna, além do enclausuramento que o consumismo moderno tem promovido na segregação de grupos extensos da nossa comunidade. A discussão de um documento de tamanha importância quanto a Encíclica é fundamental para garantir a qualidade de vida das futuras gerações”, falou.]
O Workshop “Escravidão Moderna e Mudanças Climáticas: O Compromisso das Cidades” pretende aumentar a consciência a respeito de duas emergências globais: a escravidão moderna (incluindo tráfico de seres humanos) e as mudanças climáticas, nas quais os governos municipais devem desempenhar um papel ativo. Além disso, o evento busca o consenso de que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) a nível mundial são consistentes com os valores das principais religiões mundiais, com particular destaque para os indivíduos e as populações mais vulneráveis. O encontro será realizado na Ca¬sina Pio IV, sede das Pontifícias Academias de Ciência, em Roma.
O Simpósio “Cidades e o Desenvolvimento Sustentável” irá considerar maneiras para as cidades abraçarem e implementarem a nova agenda dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) – do desenvolvimento econômico, inclusão social e sustentabilidade ambiental. Além do compartilhamento de experiências com os líderes mundiais, ambientalistas e especialistas em planejamento urbano, os representantes da FNP pretendem entregar ao papa Francisco documento com conclusões das discussões promovidas no III Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável (EMDS), realizado em Brasília (DF), em abril.
Na encíclica lançada no dia 18 de junho, o papa defendeu ações imediatas em atenção ao meio ambiente, abordando questões como o aquecimento global e o atual modelo econômico. A carta é a primeira dedicada ao tema e já é considerada revolucionária por exigir dos líderes globais uma pos¬tura urgente para salvar o planeta e por questionar a ação humana na busca pelo desenvolvimento.
O reconhecimento da importância da gestão no âmbito local também se destaca com muita ênfase no documento. “Não se pode pensar em receitas uniformes, porque há problemas e limites específicos de cada país ou região […] Ao mesmo tempo, porém, a nível nacional e local, há sempre muito que fazer, como, por exemplo, promover formas de poupança energética […] Além disso, a ação política local pode orientar-se para a alteração do consumo, o desenvolvimento duma economia de resíduos e reciclagem, a proteção de determinadas espécies e a programação duma agricultura diversificada com a rotação de culturas”, afirma o texto da encíclica.
Os ODS fazem parte da Agenda pós-2015, pensada pelos estados membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Esses objetivos guiarão o desenvolvimento global de 2015 a 2030. A FNP, em parceria instituições e entidades brasileiras, criou a “Estratégia ODS”, que visa o alcance efetivo dos objetivos. Governos locais, sociedade civil organizada e empresas devem estar unidas para a implementação dos ODS, que serão oficialmente apresentados na 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, em Nova York (EUA).
COP 21 – 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – Será realizada em Paris (França), em dezembro deste ano, uma grande conferência internacional (a COP 21), cuja agenda é chegar a um acordo global sobre mudanças climáticas. Esse novo acordo deverá substituir o Protocolo de Kyoto, de 1997, que teve resultados incipientes. O que se busca é a construção de acordos que mantenham o aquecimento global induzido pelo homem abaixo de 2º C.
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