Da Redação – Ter doenças na família! Esse é o primeiro e o mais importante medo de 52,8% dos casais brasileiros. Esse dado, levantado em uma pesquisa sobre satisfação conjugal, feita pelo Instituto do Casal no final de 2016, mostra que o adoecimento do (da) parceiro (a) e a viuvez são mais temidos que uma traição ou que deixar de ser amado.
Para a psicóloga e terapeuta de casais, Denise Miranda de Figueiredo, cofundadora do Instituto do Casal, este medo acontece porque a doença interrompe, de certa forma, o equilíbrio do sistema e da relação, seja pelas demandas externas de tratamento ou pela necessidade de cuidados que o parceiro (a) deve ter com o outro.
“A enfermidade é percebida como ameaçadora e irá causar um desequilíbrio na dinâmica do casal e familiar. As necessidades de adaptações requeridas por um membro doente é um os maiores fatores de estresse familiar”, diz Denise.
Doenças alteram dinâmica familiar – Segundo a psicóloga e terapeuta de casais, Marina Simas de Lima, cofundadora do Instituto do Casal, a notícia de uma doença crônica, ou ainda de um câncer, requer do casal um processo de adaptação à nova realidade. “As rotinas familiares são alteradas, muitas vezes o (a) parceiro (a) vai precisar ser hospitalizado, gerando sentimentos de solidão em ambos. Há também as questões corporais quando é necessário fazer alguma cirurgia, o que impacta na autoestima de quem adoeceu, por exemplo,”, diz Marina.
“Deparar-se com o adoecimento do (da) parceiro (a) pode gerar incertezas sobre o futuro, suspensão de planos e sonhos, problemas financeiros, dúvidas sobre a cura, afastamento de amigos e familiares, perda de emprego, entre outros. É uma verdadeira crise na conjugalidade e a maioria dos casais não está preparada para essa situação, afinal ninguém faz planos de como vai gerenciar um câncer, um derrame cerebral ou qualquer doença grave e incapacitante. O ser humano tem a tendência de pensar que isso só acontece com os outros”, comenta Denise.
Como lidar? – A forma de lidar com as doenças dentro da conjugalidade vai depender de como o casal construiu a relação. Segundo as especialistas, se o relacionamento é funcional, baseado no diálogo, respeito e vínculos afetivos bem estabelecidos, há uma chance maior do reforço de sentimentos positivos, como atenção, amor, carinho e empatia pelo (pela) parceiro (parceira) adoecido. Isso também influencia, por exemplo, na manutenção do relacionamento após a doença ou no seu decorrer.
Falar é a melhor solução – Além da construção de um relacionamento sólido, as especialistas afirmam que doenças ou viuvez são temas que o casal deve falar a respeito. “Parece mórbido ou estranho, mas é preciso que o casal fale sobre essas situações, que ambos saibam o que fazer se isso acontecer. Vamos pensar no casamento como uma empresa. Toda empresa tem um plano de gerenciamento de riscos e de crise. Então, a ideia é levantar os riscos de algo acontecer e quais são as medidas que precisam ser tomadas. Isso pelo menos irá minimizar os problemas práticos”, explicam.
Quanto ao impacto emocional, quando a doença é crônica e requer uma dedicação muito grande de um dos cônjuges, o ideal é contar com uma rede de apoio, como amigos, familiares e também de psicólogos. “Para cuidar do outro, precisamos estar bem. Nem sempre é fácil, mas é preciso”, concluem Denise e Marina.
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