Da Redação – Representantes de 130 escolas cristãs do Brasil se reuniram entre os dias 4 e 6 de abril, em Aparecida (SP), para discutir os projetos, desafios e conquistas das escolas católicas no país. Dentro de um evento voltado às entidades conveniadas ao Sistema Positivo de Ensino, leigos e consagrados debateram sobre “Carisma e Negócio” com o objetivo de fortalecer as atividades educacionais e fomentar uma cultura de paz. Cerca de 20 estados brasileiros estiveram representados no encontro, que ocorreu no Hotel Rainha do Brasil. O evento foi promovido pela Editora Positivo.
A historiadora, especialista em Ensino Superior pela UP, e em História da Arte Renascentista pela Academia de Florença (Itália), Lysvania Villela Cordeiro, coordenadora editorial da Editora Positivo, explicou sobre a importância do evento ao falar sobre a necessidade da integração da comunidade escolar em prol de uma sociedade mais justa, agregadora e menos preconceituosa, especialmente em relação às questões que envolvem o tema religião no Brasil da atualidade. Segundo ela, partindo da premissa que a discriminação se instala como fruto do desconhecimento e do medo, o objetivo do Ensino Religioso nas escolas é levar conhecimento, compreensão e aceitação das diversas religiões e práticas religiosas. “Só assim podemos ter a esperança de uma sociedade mais harmônica e inclusiva”, ressalta.
O mesmo acredita o Padre José Alves de Melo Neto, mestrando em teologia e educação e um dos palestrantes convidados que participou do evento: “é preciso conhecer para respeitar”. Para ele, na perspectiva da diversidade cultural, religiosa e dos direitos humanos, o Ensino Religioso não pode ser concebido como ensino de uma religião ou das religiões na escola. Segundo ele, o estudo dos conhecimentos religiosos assegura a promoção e a defesa da dignidade humana. “A disciplina busca desconstruir significados e experiências colonialistas, reconstruindo atitudes de valoração e respeito às diversidades, ao mesmo tempo em que instiga a problematização das relações de saberes e poderes de caráter religioso, presentes na sociedade e respectivamente no cotidiano escolar”.
A diretora pedagógica da Editora Positivo, Acedriana Vicente Sandi, argumenta que, no contexto atual, caracterizado pela difusão de novas linguagens tecnológicas que ampliam os canais de acesso à informação, o papel da escola cristã se expande e toma novos contornos. Assim, além de promover a reflexão sobre o perfil e a função das escolas cristãs no cenário atual, fortalecendo-as tanto no aspecto do carisma, como no de negócio, o encontro teve o papel de renovar a paixão pelo ato de educar. “O evento cumpriu seu objetivo de discutir qual o papel da escola cristã na educação, reforçando o respeito às diversidades no cotidiano escolar e além dele”, concluiu.
Setor – As 130 organizações que participaram do V Encontro de Escolas Católicas respondem por cerca de 58 mil alunos no Brasil. Dados da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) – que congrega instituições mantenedoras de estabelecimentos confessionais católicos de educação em todos os níveis, graus e modalidades -, mostram que, atualmente, existem no país cerca de 430 mantenedoras, 2 mil escolas, 130 instituições de ensino superior e 100 de obras sociais, totalizando 2,5 milhões de alunos atendidos e aproximadamente 100 mil professores e funcionários representados.
Pluralidade – Além de apresentar painéis sobre os cenários e perspectivas da educação brasileira, o V Encontro de Escolas Católicas contemplou uma série de debates e momentos de formação que envolvem temas como diversidade e formação religiosa, escola e família, trabalhos pastorais e campanha da Fraternidade. Uma mesa-redonda chamada “para além das fronteiras do ensino religioso na escola”, mediada pelo Professor Sérgio Junqueira, Pós-Doutor em Ciência da Religião e líder do Grupo de Pesquisa Educação e Religião, também promoveu o diálogo inter-religioso.
Participaram desta mesa o Rabino Pablo Berman (da Sinagoga Beit Yacoov e líder espiritual do Centro Israelita do Paraná); o professor de Sociologia e Teologia da Faculdade Leocádio José Correia (Falec), Rui Simon Paz; o coordenador de Pastoral do Colégio e Faculdade Bagozzi, Pe. José Alves de Melo Neto; o doutorando em Geografia da Religião pela UFPR, Elói Correa; e o pastor Ênio Starosky, diretor dos Colégios Luteranos de São Paulo e doutorando em Ciências da Religião pela Umesp.
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