Da Redação – O jundiá ficou cerca de 30 anos sumido do rio que o homenageia. Mas desde 2013, com a despoluição do Jundiaí, esse peixe voltou as suas águas, simbolizando a recuperação de um dos rios mais importantes do Estado de São Paulo. É para celebrar esse feito que a Sabesp instalou um aquário na capital paulista repleto de jundiás. A partir deste domingo, dia 19, a atração ficará por seis meses no hall de entrada do Aquário de São Paulo, no Ipiranga, zona sul da capital, antes da bilheteria, com acesso gratuito aos visitantes.
A iniciativa faz parte das celebrações do Dia Mundial da Água (22 de março). O jundiá é um bagre, cuja tradução do tupi-guarani significa “cabeça com espinho”. Desde o começo dos anos 1980, com o avanço da poluição, o rio Jundiaí deixou de ser o habitat do jundiá. Em 1983 foi lançada a primeira proposta de ação de despoluição do rio, com ações de combate ao esgoto industrial e doméstico, entre outras. Com uma série de investimentos, que incluem grandes estações de tratamento de esgoto da Sabesp, o jundiá foi novamente visto no rio em 2013 – e desde então é presença comum na água.
A qualidade melhorou tanto que o Jundiaí poderá novamente ser usado para abastecer a população. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo aprovou o reenquadramento do rio de classe 4 para classe 3 no seu trecho compreendido entre a foz do ribeirão São José, em Itupeva, e do córrego Barnabé, em Indaiatuba. Com essa classificação, a Sabesp construiu uma nova estrutura de captação e começa neste mês a bombear água dele para atender os 117 mil moradores de Várzea Paulista.
Agora, a sociedade, Cetesb, Sabesp e o Comitê de Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí esperam conseguir que o rio seja elevado à classe 3 em toda a sua extensão, devolvendo a vida ao rio por completo. A despoluição do Jundiaí é um dos resultados mais significativos e simbólicos na área de saneamento. O objetivo do aquário é mostrar que é possível ter rios limpos mesmo em áreas urbanas adensadas, com grande população, comércio e indústria. Parte da água que será utilizada no aquário veio do próprio rio.
Para ver o jundiá de perto, basta ir ao Aquário de São Paulo a partir deste domingo, 19 de março. O endereço é Rua Huet Bacelar, 407, telefone (11) 2273-5500, www.aquariodesaopaulo.com.br. O acesso é gratuito ao aquário, já que ele está logo na entrada. Para visitar as demais áreas é preciso adquirir o ingresso, em qualquer dia, inclusive em finais de semana e feriados.
Como ocorreu a despoluição do Jundiaí – O rio Jundiaí tem 123 km de extensão. Nasce na Serra da Pedra Vermelha, em Mairiporã, na região da Serra da Cantareira, e corta as cidades de Atibaia, Campo Limpo Paulista, Várzea Paulista, Jundiaí, Itupeva, Indaiatuba e Salto, onde deságua no Tietê. Percorre uma região com municípios populosos, de grande desenvolvimento econômico, mas que possui
pouca água disponível.
Segundo Domenico Tremaroli, gerente da Cetesb em Jundiaí, a poluição do curso d’água levou à elaboração, em 1983, da proposta de ação “Recuperação da Qualidade das Águas da Bacia do Rio Jundiaí”. O diagnóstico apontava as principais fontes de contaminação e as alternativas para eliminar o problema.
A Sabesp atua em três das cidades cortadas pelo Jundiaí e teve participação fundamental nas melhorias. Ao longo dos anos, investiu mais de R$ 200 milhões e instalou as redes coletoras, unidades de bombeamento e as estações de tratamento de esgoto em Campo Limpo Paulista, Itupeva e Várzea Paulista. Esse trabalho eliminou 257 toneladas por mês de carga orgânica que antes eram lançadas no rio, beneficiando os mais de 220 mil moradores desses municípios. Foi uma ação essencial para que o Jundiaí hoje possa ser usado para abastecer a população e deságue despoluído no Tietê, na altura da cidade de Salto, contribuindo para a melhoria do maior rio paulista.
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