* Maristela Prado – Será que estamos mesmo vivendo tempos modernos? Vejo as pessoas se digladiando, tolhendo a liberdade de expressão, o não aceitar a opinião alheia. Isso é mesmo moderno ou estão achando que modernidade tem a ver com coragem, falta de respeito e de amor ao próximo? Eu posso, eu faço, eu falo e por aí afora… Será?
Até que ponto essas atitudes têm consequências vantajosas para alguém? Discussão não significa briga, temos de compartilhar sim nossas ideias e ideais, mas sabendo respeitar o outro sempre. Jamais seremos absolutos em nossas opiniões, divergências sempre haverá, e o respeito caminha junto, lado a lado – não na frente ou atrás.
As redes sociais surgiram para aproximar ou reaproximar amigos que se perderam pelo tempo, famílias distantes, novos amigos e, hoje, como ferramenta de trabalho, divulgação. Mas, infelizmente, vemos amizades antigas serem desfeitas apenas por discordar da opinião alheia. Opinião! Até quando? Não somos donos absolutos de nada, estamos sempre aprendendo coisas novas, amadurecendo e enxergando o que não víamos antes.
Quero deixar bem claro que não vim para questionar o ser humano, mas para refletir sobre o que estamos vivendo, um mundo de ilusão, onde todos se acham donos da verdade, entendidos de todos os assuntos atrás de um teclado. Mas a vida não é um teclado, a vida segue lá fora, pessoas com quem discutimos virtualmente existem de verdade, e uma hora ou outra podemos nos encontrar, podemos precisar, podemos nos arrepender.
Mas vivemos num mundo moderno, e nesse mundo aprendemos que viver e ser felizes é ter razão, é poder com um dedo desfazer a amizade, bloquear, esquecer. Não, não podemos, as pessoas existem de verdade, e lá fora não temos um botão para apagar o mau feito, e só vai restar ir para a outra calçada, para outro bar. Ou vai encarar?
Por isso peço para levantarmos essa bandeira e termos discussões abertas, mas com respeito. Só assim poderemos ter uma convivência saudável e inteligente.
* Maristela Prado é Bacharel em Letras e revisora de textos, casada e mãe dois filhos adultos. Leia mais no blog As Letras da Vida
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