* Maristela Prado – Se desfrutássemos de um terço do que temos de melhor em nossa vida, todos os dias, com certeza sentiríamos mais gratidão. Acontece que todas as manhãs nos ligamos na tomada da vida e tudo flui no automático. Levantamos já preocupados com os afazeres do dia, como tomar banho, um café para acordar e sair para trabalhar.
Não passa pela nossa cabeça, nem por um instante, que o dia está lindo, que os pássaros e as flores são criaturas de Deus, que a vida lá fora está pulsando e que, principalmente, você acordou mais um dia, e não agradeceu por isso.
A vida é linda, mas lutamos tanto pelas conquistas, que mal conseguimos enxergar o quão maravilhoso é viver. Tudo o que temos de mais bonito e que nos traz verdadeiramente a paz, é de graça. A natureza já estava aí quando nascemos, e nunca pagamos um centavo por isso. E diga a verdade: é muito bom olhar o mar, colocar os pés na areia, ver o pôr do sol, observar a revoada dos pássaros…
São tantos os momentos de paz que só encontramos junto à natureza que material nenhum substitui. Por que pensamos em passar a lua de mel, ou apenas alguns dias com a pessoa amada numa Serra, numa praia particular, numa ilha? Só assim nos refugiamos do barulho do dia a dia, da pressa, da busca.
O ser humano não precisa de muita coisa para Viver. Aliás, são as coisas mais simples que nos dão satisfação e prazer na vida, juntamente com os bons sentimentos. Mas a rotina do Existir acaba, por vezes, por corromper nossos dias. Se estou satisfeita com a minha vida? Ora, é claro que estou. O que possuo me basta; o que necessito, também. Mas do que necessito?
Para viver é preciso de um trabalho, de preferência que goste, senão serei uma péssima profissional e mal-humorada pro resto da vida. Um amor verdadeiro, uma família em harmonia, dinheiro para viver em paz e ter uma vida digna. Agora, se nada disso me basta, então só existo, porque trabalho para ir em busca de conquistas que não acabam, não saberei viver com ninguém porque estarei muito ocupada pelas minhas conquistas.
Sendo assim, não darei a atenção necessária por estar sempre ausente. Não conquistarei uma família que me dê prazer de voltar para casa, pois cada um está preocupado com o seu futuro, os seus problemas, e não terão tempo para conversar.
Contemple a vida, ria mais, converse e dê mais atenção às pessoas que estão à sua volta, às pessoas que te amam. Olhe mais a natureza, veja que Deus está nos mostrando de uma forma tão simples que é possível ter paz e ser feliz. É só perceber que precisamos de pouca coisa, mas muita sabedoria, para nos sentirmos plenos.
Não é o que contabilizamos que nos torna melhores, é o que somos e como lidamos com o que nos foi destinado. Deixaremos apenas o que fomos como pessoa, o que fizemos e o que ensinamos. O resto, esse não nos pertence, fica aqui. Então, o que você prefere: Viver ou Existir?
* Maristela Prado é Bacharel em Letras e revisora de textos, casada e mãe dois filhos adultos. Leia mais no blog As Letras da Vida
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