Da Redação – Os dados sobre a mortalidade infantil no Estado de São Paulo divulgados pela Fundação Seade confirmam o índice histórico alcançado por São Bernardo e revelam posição de destaque na comparação com os municípios vizinhos e outros de mesmo porte. Em 2015, a cidade registrou 8,42 óbitos para cada mil nascidos vivos, similar ao de países desenvolvidos. A taxa é a menor obtida desde a década de 1990, quando o IBGE passou a divulgar anualmente a tábua completa da mortalidade da população do Brasil.
São Bernardo teve o melhor desempenho da região do ABC e o segundo melhor do Estado entre as cidades com mais de 500 mil habitantes, ficando atrás apenas de Campinas, que registrou índice de 8,2. A secretária de Saúde, Odete Gialdi, ressalta que o resultado é fruto de uma série de ações integradas implementadas na rede municipal desde 2009, que garantem assistência humanizada e de qualidade desde o pré-natal até os 2 anos de vida da criança.
“Melhorar e ampliar o cuidado às gestantes e recém-nascidos foi possível graças à ampliação da Estratégia Saúde da Família, formada por equipes multiprofissionais que fazem visitas regulares aos domicílios dos usuários. Em 2008, a cidade contava com 16 equipes; atualmente, são 133. Temos 100% do nosso território coberto por agentes comunitários de saúde, e isso faz muita diferença”, avalia a secretária.
Dentre essas iniciativas, ganha destaque a atuação minuciosa das equipes da Atenção Básica, que fazem a busca ativa das gestantes para início precoce do pré-natal, identificação de mulheres com maior vulnerabilidade e visitas domiciliares periódicas para tirar dúvidas e verificar se consultas e exames estão em dia. O trabalho, realizado em todas as 34 UBSs da cidade, diminui as chances de intercorrências provocadas por diabetes e hipertensão, que são as doenças gestacionais mais comuns e principais causas dos partos prematuros.
A dona-de-casa Giseli Maria Bittencourt, 32 anos, moradora do Parque dos Químicos, diz que o bom atendimento a que teve acesso garante que sua filha Emily, 1 mês, possa ir para casa com saúde. A menina nasceu prematura, pesando 2,3 kg e medindo 41 centímetros. “Fui diagnosticada com um problema no colo do útero e minha gravidez foi classificada como de alto risco. Passei em várias consultas com especialistas e consegui segurar bastante a gravidez. A bolsa rompeu com 33 semanas, mas podia ter acontecido antes, o que seria pior para o bebê”, comenta.
Emily ficou cerca de 30 dias internada na Unidade de Cuidados Intermediários do Hospital Municipal Universitário (HMU), onde nasceu. Graças ao Método Canguru, ganhou peso e já mama no peito. “Foi um período difícil, mas a equipe é muito atenciosa e carinhosa. Estou muito satisfeita”, diz a mãe.
A atenção de qualidade prestada pelo HMU merece destaque e é um dos fatores preponderantes na diminuição da mortalidade infantil em São Bernardo.
Com a inauguração do Pronto-Socorro Obstétrico e Ginecológico, em 2011, as urgências e emergências obstétricas, como a de pacientes como Giseli, passaram a ser atendidas com mais agilidade e resolutividade – antes o serviço funcionava no Hospital e Pronto-Socorro Central (HPSC).
Além disso, ao longo dos anos, o hospital se consolidou como referência regional em cuidado de prematuros, numa abordagem que combina atenção humanizada, tecnologia de ponta e educação permanente dos trabalhadores. A unidade, que ampliou de 12 para 20 o número de leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, segue protocolos bastante rígidos para dar a esse recém-nascido a chance de se desenvolver fora do ventre materno, e utiliza técnicas que estimulam ao máximo a vinculação entre a mãe, bebê e o restante da família, para que a criança tenha o acompanhamento de que precisa quando receber alta.
A secretária de Saúde lembra ainda que foram desenvolvidas ações com a rede privada de saúde para a melhoria do pré-natal e assistência ao parto, viabilizadas com criação do Comitê Municipal de Vigilância de Mortalidade Materna, Fetal e Infantil de São Bernardo. O comitê faz a investigação de 100% dos óbitos de crianças menores de 1 ano e maternos e cada caso é avaliado detalhadamente.
Seja na rede pública ou privada, verifica-se se as mortes poderiam ser evitadas e providências são exigidas dos serviços responsáveis. “Diminuir a mortalidade infantil é um enorme compromisso que assumimos na nossa gestão e temos certeza de que criamos as bases necessárias para que esse índice permaneça em queda”, finalizou.
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