Editorial: Uma República centenária, e sem muito o que comemorar…

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Nesta quinta-feira (15), completam-se 127 anos da Proclamação da República brasileira. A palavra república, de origem latina, palavra composta da quinta e da primeira declinação, res, rei, que quer dizer coisa, e publica, que quer dizer pública, portanto, república literalmente quer dizer coisa pública, aquilo que é de todos, meu, seu, nosso.

A nossa República foi proclamada em 15 de novembro de 1889, determinando o fim do Império que vigorou de 1822 a 1889, passando o Brasil a ser governado pelo sistema republicano, ou seja, teríamos um presidente da República eleito pelo voto popular, sendo o primeiro presidente eleito Prudente de Morais, depois dos Marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

O período de 1889 a 1930 ficou conhecido na história como república velha, um período de marcha e contramarcha, de revoltas como a Revolta da Vacina no governo Rodrigues Alves (1903-1906), Revolta da Chibata no governo Afonso Pena (1907-1909), greves pela redução das horas trabalhistas, uma jornada de trabalho nas tecelagens era superior a doze horas, no governo Venceslau Brás, a Revolta dos Dezoito de Copacabana, a Revolta dos Tenentes e a Coluna Prestes no governo Artur Bernardes, até chegar ao último presidente da República Velha, Washington Luiz que fez um governo sem rumo, sendo depois deposto pelo golpe de Getúlio em 1930.

O período de 1930 até hoje ficou conhecido como Nova República, mas de nova tem muito pouco, os governantes continuaram pensando pequeno, a começar por Getúlio Vargas que governou o país na era Vargas de 1930 a 1945, o governo Vargas fez o Brasil entrar na fase da industrialização, do trabalhismo, implantou o salário mínimo, criou a Companhia Siderúrgica Nacional, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mas continuou personalista, pensando mais em si do que no próprio país.

No governo Dutra, pouco avançamos, e facilitou a volta de Getúlio em 1950 pelas eleições diretas e o país vivia momentos de intensas crises até o suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1950. O governo seguinte de Juscelino K. de Oliveira foi marcado pelo desenvolvimentismo, implantação da indústria automobilística, expansão das rodovias, mudança da capital para o planalto central.

O governo Jânio, eleito em 1960, durou pouco, apenas oito meses, e ele renunciou em 25 de agosto de 1961, o país mergulha em grave crise, toma posse o vice João Goulart, até ser deposto em março de 1964, implanta-se no país uma dura ditadura, os partidos políticos caem na ilegalidade, eleições suspensas, políticos têm seus direitos cassados, muitos são exilados.

Depois de muitas lutas, no começo dos anos oitenta, a ditadura chega ao fim, o país tem eleições indiretas para presidente, é eleito Tancredo Neves, acometido de grave enfermidade não toma possa, assume o vice José Sarney, que faz um governo traumático, vários planos econômicos, inflação altíssima, o país perde credibilidade, é decretada moratória da dívida nacional, os anos oitenta ficaram conhecidos como a década perdida.

Depois de muitos anos de eleições indiretas para presidente, surge um caçador de Marajás, um salvador da pátria: o povo elege presidente Fernando Collor, que disse que mataria o dragão da inflação com um tiro, foi um desastre, envolvido em corrupção, sofreu processo de impedimento e foi cassado. Toma posse o vice Itamar Franco e em 1° de julho de 1994 lança o plano real, que estabilizaria a economia brasileira, controlando a inflação, o grande mal do Brasil.

Pelo Plano Real, elege-se presidente Fernando Henrique Cardoso, que tinha sido, como ministro do governo Itamar Franco, responsável pelo Plano Real; a impressão que se tinha era que o Brasil, definitivamente, entrara num período de economia sustentável com crescimento duradouro.

Findo o governo Fernando Henrique, é eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que manteve a política econômica do governo anterior, manteve a política de metas, corrigiu rumos; o mundo entrou num período de crescimento vigoroso, o preço das matérias primas em alta, o Brasil entre as grandes economias do mundo, o governo estimulou o crescimento, o consumo, não se importou com a crise internacional de 2008, não estimulou a produção, mas o poder de compra do povo era grande; o presidente chega ao fim do seu governo com uma popularidade acima de 80%.

Lula elege então a sua substituta, a presidente Dilma Rousseff, que tomou posse e manteve a mesma política do antecessor: não corrigiu os rumos da economia, gastou mais do que podia e tirou literalmente o país dos trilhos. Passou o primeiro mandato e, preocupada com a reeleição e com seus baixos índices de popularidade, a presidente mascarou as contas públicas e até venceu a reeleição, mas o país mergulhou em profunda crise.

Veio então o impeachment, chamado pelos petistas de Golpe, e Dilma é afastada pelo Congresso Nacional e é empossado no cargo o vice-presidente Michel Temer, que anda às voltas com suas doações e ligações, além de PECs e cortes para colocar o país novamente em zona de conforto na economia mundial, tarefa das mais difíceis.

Enquanto no Brasil os governantes governarem pensando no poder, nas próximas eleições e não nas próximas gerações, o país viverá eternamente em crise. O país do futuro começa a ser o país sem futuro, e a nossa República sem muito o que comemorar…

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