Eleições Municipais 2016

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People waiting in line to vote.

* Isaías Gomes de Lima – Na reta final, candidatos debatem no rádio, televisão, expõem-se, invadem redes sociais,  acotovelam-se em busca do voto. Ruas, praças, avenidas embandeiradas; feiras-livres, pátios de igrejas, portas de escolas, de fábricas. Corpo-a-corpo em  busca do voto.

Nos ônibus, botecos, rodas de conversa, à boca pequena ou em discurso aberto,  pode-se ouvir defesas e expressões de preferência por essa ou aquela candidatura. Preconizam-se o novo, a continuidade, a mudança (para onde, caras pálidas?).

Candidatos debatem, confrontam-se na grande mídia e em nível regional, acusam-se mutuamente. Prometem remédios para todas mazelas sociais das cidades. Parece mais tendas de milagre do que formulação de propostas factíveis. E o que dizer dos planos de governo de cada um.

De modo geral, todos generosos, declaram opção preferencial pelos pobres… E referem-se ao povo como entidade abstrata, amorfa – destinatário e depositário das políticas sociais; quanto ao Estado (neste caso, município – o poder local), a referência é como provedor de todas necessidades e demandas dos cidadãos e da sociedade.

Tratando-se de políticas públicas, pode-se construí-las como “políticas de governo” – mais efêmeras, passageiras, como os próprios governos – e “políticas de estado”, permanentes, duradouras, para além do governo (e partido) de plantão. O Estado, por definição, sim, é uma abstração! Ao contrário, o município é espaço físico, concreto, onde vive o cidadão, que carece de moradia, condução, instrução, trabalho, cultura e outros meios que garantam sobrevivência com dignidade.

Às vésperas do segundo turno das eleições municipais, candidatos das três cidades do Grande ABC mobilizam-se como podem – uns para manterem vantagens obtidas no primeiro turno, outros para reverterem resultados adversos. Nesta esteira, negociam com candidatos, que morreram na praia do primeiro turno. Isto vale também  para militância, vereadores eleitos ou não, já que marcam presenças em toda cidade, próximos do eleitorado

Em Santo André, o tucano Paulo Serra (PSDB) e Carlos Grana (PT) estiveram em dois debates televisivos. Nas oportunidades, o novamente tucano, já que tem trajetória pouco ortodoxa, mudou de partido mais que de sapatos, optou pela tática recorrente de bater no concorrente, denunciando-o como petista! Ora,  acusar Grana de petista é o mesmo que dizer: uma janela é uma janela (nós, filósofos, chamamos isso de tautologia). Incontinente, Grana deu-lhe o troco: qual é sua verdadeira cara? Cobrou o que Paulinho definitivamente não tem: coerência. Acerto de contas. Nada mais.

São Bernardo, sem PT na disputa, rivalizam-se com acusações de parte a parte, Alex Manente (PPS) e Orlando Morando (PSDB), ambos com a bênção do governador que, apesar de eleger na Capital um João não-político (ato de disputar governo, governar uma cidade é ação política!) não é muita vantagem pra nenhum dos dois, posto que governo do Estado não é unanimidade nem entre paulistas. Este colunista abstém-se de prognóstico.

Prefeituráveis de Mauá, Atila Jacomussi (PSB, ex-PCdoB) e Donisete Braga (PT), que busca reeleição, dão show, com samba do crioulo doido ao fundo, tendo em vista composições e apoios costurados de parte a parte. Alianças estranhas, inconcebíveis em tempo não muito distante, foram celebradas por ambos os candidatos. Compromisso político-ideológico é coisa rara nestes tempos! Ademais, por essas e outras, a  classe política anda em baixa, com pouca credibilidade junto a segmentos da sociedade civil.

Diadema, também sem PT nesta fase, Lauro Michels (PV), que busca reeleição, e Vaguinho (PRB) participaram de sabatinas. Candidatos que ficaram fora do segundo turno também declaram apoios. Além de acenos com cantos de sereia, trocas de farpas, lavagem de roupas sujas, promessas, nada mais digno de nota.

Aguardemos, então, a eloquência das urnas.

14196015_1256248994406895_7995966311156549871_o* Isaías Gomes de Lima é professor de Filosofia, História, Literatura, Espanhol e Inglês. Atuou como revisor/redator na Revista República, como professor de Espanhol e Inglês na Fundação Florestan Fernandes (Diadema) e formou profissionais para o setor plástico no Projeto Alquimia.

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