Da Redação – O índice de desemprego nas sete cidades do ABC registrou queda pelo segundo mês consecutivo, passando de 16,4% em agosto para 16,0% em setembro. Entre os setores analisados, o segmento de Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas foi o destaque do mês passado, com geração de 11 mil postos de trabalho.
Os números são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, apresentada nesta quarta-feira (26), na sede da entidade regional.
Apesar da tendência de queda no desemprego observada nos últimos quatro meses no ABC, ainda não é possível falar em retomada da economia, de acordo com César Andaku, economista do Dieese, durante a divulgação da pesquisa. “Um dos setores mais atingidos pela crise foi a indústria, impactando o ABC. A redução do no índice de desemprego não reflete ainda uma melhora da economia no país”, afirmou.
Conforme a análise setorial da PED, a geração de 11 mil vagas no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (alta de 5,7%) influenciou positivamente o resultado. Por outro lado, houve retração de 3,0% nos Serviços (eliminação de 20 mil postos) e queda de 1,1% na Indústria de Transformação (perda de 3 mil vagas), com destaque para o segmento de metal-mecânica, que registrou recuo de 9,6%, com diminuição de13 mil postos.
Em setembro, o total de ocupados na região registrou recuo de 0,4%, passando a ser estimado em 1,188 milhão de pessoas. No mesmo período, o contingente total de desempregados na região foi estimado em 226 mil pessoas, 8 mil a menos em relação ao mês anterior. O resultado foi influenciado pela diminuição de 0,9% da População Economicamente Ativa (PEA), com 13 mil pessoas deixando a força de trabalho da região, e pela queda de 0,4% do nível de ocupação (eliminação de 5 mil postos de trabalho).
O economista do Dieese ressaltou que a redução da PEA tem sido o principal responsável pela redução da taxa de desemprego no ABC. “Em anos anteriores, o número de pessoas ativas estava crescendo, em um cenário com uma geração de emprego superior ao número dos que estavam ingressando no mercado. Entre junho e setembro de 2016, 26 mil pessoas deixaram a força de trabalho do ABC, o que sugere um desânimo na procura por trabalho como efeito da crise, afastando muitas pessoas do mercado”, explicou Andaku.
Em setembro, o número de assalariados na região caiu 1,5%. No setor privado, diminuíram o contingente de empregados sem carteira de trabalho assinada (-5,3%) e pouco variou o com carteira (-0,3%). No setor público, o número de assalariados recuou 6,8%. O contingente de autônomos diminuiu 1,1%, como resultado da expansão dos que trabalham para o público (2,8%) e da redução mais intensa para os que trabalham para empresa
Entre julho e agosto de 2016, o rendimento médio real dos ocupados recuou 3,2%, para R$ 2.138, e o dos assalariados caiu -2,9%, para R$ 2.180, respectivamente. Também diminuíram as massas de rendimentos dos ocupados (-2,9%) e dos assalariados (-4,8%), no primeiro caso devido, exclusivamente, à redução do rendimento médio real, enquanto para os assalariados, como decorrência de diminuições do salário médio real e do nível de emprego.
Comportamento em 12 meses – O índice de desemprego total no ABC em setembro deste ano (16,0%) superou o registrado no mesmo mês de 2015 (13,1%). O índice é o mais alto para o mês desde setembro de 2004, quando atingiu 17,6%. Na comparação anual, o contingente de desempregados aumentou em 44 mil pessoas, como resultado da redução de 1,9% do nível de ocupação (eliminação de 23 mil postos de trabalho) e da expansão de 1,5% da População Economicamente Ativa (PEA), com 21 mil pessoas ingressando na força de trabalho da região.
No mesmo intervalo, a taxa de desemprego total também cresceu nos demais domínios geográficos para os quais os indicadores da PED, apontou o economista do Dieese. “O aumento, no entanto, foi inferior ao do município de São Paulo e ao do total da Região Metropolitana”, disse Andaku.
Entre setembro de 2015 e de 2016, o nível de ocupação caiu 1,9%. Sob a ótica setorial, o resultado refletiu quedas de 3,7% nos Serviços (ou eliminação de 25 mil postos de trabalho) de 1,0% no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (perda de 2 mil postos). O nível de ocupação na Indústria de Transformação subiu 0,8% (geração de 2 mil postos), apesar da queda de 8,3% do segmento de metal-mecânica (eliminação de 11 mil vagas) que indica, também nessa base de comparação, aumento do nível ocupacional nos demais segmentos.
Nenhum comentário on "Taxa de desemprego no Grande ABC recua pelo segundo mês consecutivo"