UBS Santa Cruz é porto seguro para moradores do pós-balsa

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Da Redação – Único serviço público de porta aberta na região conhecida como Pós-Balsa, em São Bernardo, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Cruz é ponto de referência para os moradores daquela zona que ainda é praticamente rural.

O difícil acesso – feito pela Rodovia Imigrantes ou pela balsa, no Riacho Grande — faz com que boa parte dos moradores recorram à unidade para qualquer problema relacionado à saúde, mas também para assuntos mais prosaicos, como dar o endereço da UBS para comprovar endereço. Algumas pessoas, mesmo tendo plano de saúde, preferem o atendimento na UBS a se locomover até o Riacho ou o Centro do município.

É o caso da vendedora Priscila Garcia, que realizou todo o pré-natal do filho na unidade. Porém, ela faz questão de ressaltar que a opção se deve pela confiança que tem na médica generalista que atende sua família há mais de dez anos, e não apenas por conta do tempo que gastaria para se dirigir a uma clínica conveniada. “Tenho mais confiança na equipe da UBS do que nos médicos do convênio. A médica da unidade já salvou a vida do meu pai quando ele sofreu infarto”, destaca.

Grandes distâncias – Para dar conta de atender todos os bairros da região e os 12 mil moradores cadastrados, os 20 agentes comunitários de saúde estão divididos em cinco regiões. Ainda assim, por conta das longas distâncias, o atendimento não é feito apenas na unidade. É o que acontece no Bairro Tatetos, onde ocorrem visitas domiciliares e consultas, todas as quartas e sextas-feiras. Em um local chamado SOS Aldeias são realizadas cerca de 30 consultas semanais, além dos encaixes.

“Há casos de pacientes que levam a família toda para passar em consulta. A realidade aqui é bem diferente das demais UBSs da cidade. As pessoas querem ouvir o médico, e seguem as recomendações”, afirma o médico generalista Yoel Gonzalez, que chegou à cidade por meio do programa federal Mais Médicos.

Para dar conta de cobrir a distância entre a unidade e residências mais afastadas, as equipes têm à disposição uma van, que faz o transporte de médicos e enfermeiros até os bairros. Alguns deslocamentos chegam a demorar até uma hora de carro. Nas visitas domiciliares dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF) são entregues as guias de exames, medicamentos e realizadas as consultas e avaliações médicas.

“Há locais em que precisamos atravessar pinguelas (pequenas pontes) para acessar as residências e, quando chove, não há como chegar. Esse é apenas um exemplo dos muitos locais em que o acesso é feito somente a pé”, diz a agente de saúde Luzineide Aparecida Lopes Pereira.

“Já corri de cachorro, tive de tomar cuidado com cobras, sou abordada no mercado para dar orientações sobre o atendimento pelo SUS. É um trabalho que não acaba quando saio da unidade, às 17h. É um serviço 24 horas. Ser agente de saúde é uma missão divina, ainda mais no Santa Cruz”, afirma a agente Tais Fernanda Tavella da Silva, que atua na unidade há seis anos.

Iguais às demais, mas nem tanto – A UBS Santa Cruz oferece os mesmos serviços que são prestados nas demais UBSs de São Bernardo e dispõe de espaços semelhantes, como consultórios odontológicos, escovódromo, sala da comunidade e raio X, entre outros ambientes. Mas tem um diferencial: a sala de emergência, que funciona 24 horas, inclusive nos fins de semana e feriados. É uma sala com dois leitos e dotada com equipamentos de UTI, que permitem a estabilização do paciente até sua transferência segura para uma UPA ou um hospital de referência. Uma ambulância do SAMU também permanece na unidade dia e noite, ininterruptamente.

“Grande parte dos casos de urgência e emergência são ferimentos com machado, facões ou mesmo cortadores de grama. Em todos os casos, estabilizamos os pacientes e os transferimos para a UPA do Riacho Grande ou, nos casos mais graves, para o Pronto-Socorro Central”, explica a coordenadora da UBS Patrícia de Oliveira Araújo.

Patrícia disse que, além dos 12 mil moradores cadastrados, a UBS costuma ser procurada por pessoas de regiões de São Paulo que fazem divisa com São Bernardo. “Atendemos moradores do distrito de Parelheiros, por exemplo. Alguns nem buscam pelos serviços de saúde de seus municípios, vêm direto para cá”, explica a gerente.

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