Grupos de apoio em UBSs de São Bernardo ajudam a tratar dores crônicas

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Da Redação – Além de atendimento médico, pacientes com fibromialgia, artrite e outras doenças têm acesso a atividades físicas, massagens, tai chi chuan e fisioterapia. “Eu era considerado um caso perdido. Tinha dificuldade para andar, sentia muitas dores nas costas. Hoje sou outra pessoa: consigo andar e me movimento melhor.” A afirmação, da aposentada Eugênia do Nascimento, traduz o sentimento daqueles que, como ela, fazem parte dos grupos de apoio às pessoas com dores crônicas, iniciativa criada pela Prefeitura de São Bernardo.

Por meio dos grupos, os pacientes têm acesso a diversos serviços: além do atendimento médico nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), são realizadas atividades físicas por meio do programa De Bem Com a Vida, massagens, lian gong (prática que integra a tradição das artes corporais chinesas aos modernos conhecimentos da medicina ocidental), tai chi chuan, fisioterapia e outras técnicas para amenizar a dor.

No caso de Eugênia, as dores são causadas por desvios de coluna, bico de papagaio e osteoporose. “Eu sentia tantas dores nas pernas e nas costas que não conseguia ir até o consultório. O médico vinha até minha residência me avaliar e prescrever a medicação. Desde que comecei a frequentar o grupo, muita coisa mudou. As dores cessaram e até minha autoestima melhorou”, destacou.

Conviver com as dores também era algo corriqueiro para a dona de casa Elenita Viera Nascimento, que sofre de fibromialgia, síndrome que causa fortes dores pelo corpo durante longos períodos, principalmente nas articulações e tendões. “É horrível conviver com essa dor intensa. Além disso, a síndrome restringe a minha dieta, pois não é tudo que posso comer. Também não posso fazer qualquer tipo de exercício”, explicou.

Elenita disse que começou a participar do grupo de lian gong neste ano e que a melhora no seu quadro de saúde é perceptível. “Nos primeiros dias sentia dores muitos fortes, mas, aos poucos, foram melhorando. Os movimentos propostos no exercício, como sentir a respiração, ajudam a acalmar e diminuir as dores”, afirmou.

Segundo Roberta Tanaka, que integra a equipe de profissionais que atuam nos grupos de dores crônicas, havia grande demanda de pacientes com queixas de dores, cujo tratamento, até então, era limitado à prescrição de remédios.  “Os pacientes têm fibromialgia, artrite e outras doenças que causam dores frequentes. Buscamos alternativas de cuidado que permitam atenuar o incômodo da dor e garantam melhor qualidade de vida. Há casos de pessoas que diminuíram a carga de comprimidos depois que começaram a participar das atividades”, afirmou Roberta.

Premiação – A experiência desenvolvida na UBS Vila Marchi de criação do grupo de combate à dor foi premiada no XXXII Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, realizado em junho.

Após a constatação do grande número de usuários da UBS com problemas relacionados às áreas de ortopedia e reumatologia, os profissionais da unidade criaram grupos de orientação para tirar dúvidas e ensinar exercícios para o alívio das dores crônicas. Antes do início das atividades do grupo, em outubro do ano passado, os médicos do programa de Saúde da Família analisaram cada caso em conjunto com o especialista em reumatologia da Policlínica Rudge Ramos. A partir desse trabalho, os usuários foram convocados para a reavaliação de quadro clínico e convidados a participar dos grupos de orientação.

O trabalho desenvolvido nas UBSs indica que, ao contrário do tratamento da dor aguda, os analgésicos não são tão eficazes contra a dor crônica. A baixa eficácia do uso contínuo de remédios é uma consequência dos efeitos secundários indesejáveis das drogas, tratamento que também tem baixa adesão a longo prazo. Estudos comprovam, por exemplo, que 47% dos pacientes com fibromialgia não aderem à medicação prescrita, seja intencionalmente ou pela intensidade dos efeitos colaterais da medicação.

Segundo a gerente da UBS Vila Marchi, Elisângela Nascimento, o relaxamento com as atividades físicas e as orientações práticas para as atividades do dia a dia dos pacientes, além de minimizar o sofrimento causado pela dor, acabam por reduzir a ansiedade, depressão, angústia e outras complicações geradas pela dor crônica.

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