Teatro de Bonecos do SAMU vai às escolas para ajudar a prevenir acidentes

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Da Redação – Eles vivem diariamente o inesperado, a cidade congestionada, os caminhos espremidos, o pedido de ajuda que não pode esperar. O trabalho no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de São Bernardo é pautado pela batalha diária contra o tempo para atender situações como quedas, queimaduras graves, intoxicações, choques e paradas cardiorrespiratórias. Um grupo de socorristas do serviço, no entanto, decidiu abrir uma janela na rotina apressada e, desde junho, dedica algumas horas do expediente à cultura e à educação no projeto Teatro de Bonecos.

O objetivo é levar às crianças e aos educadores, de maneira lúdica e interativa, informações que ajudem a prevenir acidentes, como queimaduras e ingestão de medicamentos e produtos químicos, além dos trotes. Inspirado em iniciativa semelhante realizada pela Guarda Civil Municipal (GCM), o Teatro de Bonecos do SAMU já foi visto por cerca de 2,6 mil alunos das creches e escolas municipais da cidade em pouco mais de dois meses e meio de exibições. Até o fim do ano, mais seis mil pequenos terão assistido às apresentações.

“É um trabalho muito gratificante, o contato com as crianças é maravilhoso. É algo completamente diferente do nosso dia a dia, tranquiliza nossos ânimos”, conta o condutor de ambulância Alcides Gomes da Silva, que no teatro é o “tio Cidinho”. Ele e outros três colegas de SAMU formataram todo o projeto, criaram as personagens,  escreveram as peças encenadas pelo grupo, compuseram e gravaram músicas exclusivas  e deram vida aos cinco bonecos de pano.

“A GCM doou os cinco bonecos para o início dessa empreitada. Eles criaram uma oficina especialmente para nos ensinar a como trabalhar com o teatro de bonecos e adaptá-lo à nossa realidade. É uma experiência que transforma. Quando estou com o boneco nas mãos, esqueço do resto”, conta o condutor de ambulância Robson Felix da Silva, o “Vovô Nono”.

O encantamento também se dá entre as crianças que assistem às apresentações. Na Emeb Roberto Marinheiro, no Rudge Ramos, cerca de 70 crianças com idade entre 2 e 3 anos não desgrudaram os olhos do palco no último dia 12 de agosto. A peça contou a história da garotinha Rose – interpretada pela técnica de enfermagem Camila Melhado Gomes –, que sofre uma queimadura ao tentar alcançar o leite com café que Vovô Nono esquenta para ela no fogão. Depois de orientada pelo SAMU, Rose entende o perigo que correu e promete não se arriscar mais.

“É uma ótima iniciativa porque, além de desenvolver um conteúdo educativo, traz para a escola a linguagem do teatro, a que muitos alunos não têm acesso. É uma maneira de aprender brincando. Agora vamos voltar para a sala de aula e retomar esse mesmo tema”, comenta a professora Soraia Lopes Varga.

Ao término da apresentação, que durou cerca de 20 minutos, os atores deixaram o palco e se juntaram ao público para permitir que os pequenos vissem os bonecos de perto. É nessa hora que os adultos se derretem, disse Camila, cercada pelas crianças, que não paravam de abraçar e beijar a boneca Rose. “Quando estamos atrás do palco não conseguimos ver esses olhinhos brilhando, os rostinhos animados. Aqui temos a certeza de que todo o esforço vale a pena”, avalia.

Enquanto desmontava o palco e guardava os equipamentos de som, o técnico de enfermagem Jecivaldo Ferreira disse que ele e seus colegas de SAMU, estimulados pela reação positiva dos espectadores, já estudam formas para levar o Teatro de Bonecos a outros públicos. “Queremos formatar uma apresentação para os adolescentes, com linguagem e temas que sejam interessantes para eles. Um dos focos será a falsa comunicação das ocorrências”, relatou.

O SAMU recebe média de 17 trotes por dia. A educação e a informação, mais uma vez, são as aliadas do serviço para diminuir esse tipo de ocorrência. Além do Teatro de Bonecos, o serviço promove o SAMU na Escola, com palestras que reúnem pais, professores e trabalhadores das unidades e detalham o funcionamento do 192, como prestar os primeiros-socorros e a importância de se combater os falsos chamados. Por mês, o SAMU recebe média de 8.000 ligações; dessas, 2.500 levam ao deslocamento de viaturas e equipes para atendimento.

Implementado em 2009, o serviço funciona 24 horas, sete dias por semana. Para agilizar o atendimento às ocorrências, o SAMU conta com 14 ambulâncias e duas motolâncias, que aguardam o deslocamento em bases descentralizadas, localizadas em pontos estratégicos da cidade.

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