Pesquisa inédita monitora tartarugas na costa brasileira e alerta para aumento de doença causada por estresse

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Da Redação – Pesquisadores da Associação MarBrasil e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, estão desenvolvendo a segunda etapa de um projeto de avaliação de saúde e do comportamento das tartarugas-verdes no país.

Como parte do projeto, iniciado em 2014, está sendo monitorado neste momento o deslocamento de cinco tartarugas-verdes juvenis capturadas, marcadas e soltas no litoral paranaense. Elas agora rumam aos litorais paulista, carioca e capixaba.

O monitoramento do deslocamento dessa espécie e fase de vida via satélite é inédito no Brasil e tem como objetivos avaliar a rota migratória e a forma de uso dos diferentes ambientes pelas tartarugas-verdes ainda em fase jovem – elas têm entre dois e cinco anos. Nesse período os animais passam por intensas alterações comportamentais, morfológicas e fisiológicas (como durante a adolescência humana). Saber para onde vão e como se comportam é um desafio que pode colaborar com a conservação da espécie.

Para que esse acompanhamento fosse possível, cinco tartarugas-verdes receberam um transmissor que emite sinais via satélite, denominado TAG. Outros cinco indivíduos foram monitorados via radiotransmissor e, no total, 27 foram identificados com um par de anilhas metálicas, utilizadas pelos projetos que atuam com tartarugas marinhas em todo o mundo.

Com as TAGs, os pesquisadores pretendem coletar informações que contribuam para o conhecimento sobre o comportamento migratório das tartarugas-verdes juvenis. No caso do segundo grupo, com os radiotransmissores, o objetivo é obter informações acústicas e do comportamento dos animais que contribuirão para o desenvolvimento de uma forma de alerta às tartarugas-verdes sobre áreas perigosas ou de atividades de risco à espécie.

A avaliação sonora é uma iniciativa inédita no mundo e coordenada pela Universidade da Flórida (EUA), em parceria com as universidades de Duke e Gettysburg, além da empresa holandesa Van Oord. Neste esquema de colaborações entre universidades, ONGs e empresas públicas e privadas, outras dez tartarugas-verde devem ser ’taggeadas’ até dezembro no Paraná, sob coordenação da equipe MarBrasil e do Laboratório de Ecologia e Conservação do Centro de Estudos do Mar da UFPR (LEC/CEM/UFPR).

As tartarugas foram liberadas tanto na Ilha das Cobras como na Ilha do Mel (PR) no dia 18 de maio e uma delas já passou o Rio de Janeiro. Ela alcançou  o litoral paulista, em menos de três dias; as outras quatro também subiram a costa em busca, possivelmente, de locais mais quentes. Entre as áreas mais utilizadas até o momento estão as ilhas costeiras próximas a Santos, a Barra de Una e as Ilhas de Ubatuba. “É interessante dizer que, durante a ‘subida da costa’ elas estão usando como ’paradas’ as ilhas como a Ilha da Figueira e diversas unidades de conservação marinha, como as Áreas de Proteção Ambiental Marinha de São Paulo, além das ilhas da Estação Ecológica Tupiniquins”, explica a doutora Camila Domit, responsável pelo projeto.

De acordo com a coordenadora, “a identificação das áreas de maior uso pelas tartarugas-verdes poderá auxiliar na elaboração de propostas de zoneamento ambiental marinho, principalmente para ordenamento de atividades de impacto à biodiversidade marinha, como a pesca”. E faz um alerta: “Na primeira etapa, em 2014, as tartarugas-verdes apresentavam uma taxa de 26% de fibropapilomatose, uma espécie de herpes relacionada ao estresse e ao uso de ambientes de baixa qualidade ambiental por conta de excesso de ruídos e poluição. Dessa vez, a taxa no setor da Ilha das Cobras está em 90%.”

Os pesquisadores fazem um apelo para os pescadores e moradores do litoral do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro: se alguém encontrar ou capturar por engano uma tartaruga-verde com um aparelho fixado na carapaça, entre em contato com a equipe do projeto nos telefones (41) 9854-3710, (41) 3511-8616 ou (41) 3455-1419.

Sobre a Fundação Grupo Boticário: a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.486 projetos de 496 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país.  Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.br, www.twitter.com/fund_boticario e www.facebook.com/fundacaogrupoboticario.

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