* Wilson Moço – O Brasil já fez história nestes Jogos Olímpicos Rio 2016, não apenas porque foi a sede da competição, mas pelo fato de ter alcançado seu melhor desempenho qualitativo em uma edição, mesmo faltando dois dias para o término. Com as 15 medalhas conquistadas até a tarde desta sexta-feira (19) – cinco de ouro, cinco de prata e cinco de bronze –, a delegação brasileira superou o desempenho alcançado em Atenas 2004, na Grécia, onde obteve também cinco ouros, além de duas de prata e três de bronze, 10 no total.
Como o futebol masculino faz a decisão contra a Alemanha neste sábado (20), a partir das 17h30, no Maracanã, o Brasil já tem 16 medalhas garantidas, número que deixa o País a apenas uma medalha de igualar em quantidade o desempenho de Londres 2012, edição na qual conquistou três de ouro, cinco de prata e nove de bronze. De todo modo, não vai alcançar a meta estabelecida pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) antes da Rio 2016, que calculava levantar de 25 a 27 medalhas para figurar entre os 10 melhores no quadro geral de medalhas.
Obviamente estabeleceram essa meta sem levar em conta que em 90% das modalidades, pelo menos, falta investimento e a atenção necessária para tornar o Brasil competitivo de fato. E por culpa dos dirigentes, certamente os mesmos que fizeram essa estimativa. E também não levaram em conta que a Olimpíada reúne a nata dos atletas em nível mundial, de países que são verdadeiras potências esportivas porque fazem um trabalho de base forte e dão todas as condições para que se desenvolvam. Como se diz, ‘faltou combinar com os russos’ para alcançar a meta.
Mas a projeção dos dirigentes não importa, o que importa é que mesmo aos trancos e barrancos atletas praticamente desconhecidos dos brasileiros fizeram sua parte e garantiram as tais medalhas. Não vou elencar aqui todos os nomes que levaram o ouro, a prata ou bronze, para não me alongar mais nesse tema.
Até porque, o futebol masculino entra em campo na tarde deste sábado em busca da inédita medalha de ouro, conquista que virou uma obsessão mais por conta da insistente pregação da mídia a cada Olimpíada que se aproxima, que acaba contaminado torcida e jogadores, mesmo que estes sempre digam que não se sentem pressionados pelo passado. Afinal, a cada edição é um time diferente, e cada equipe na disputa vive um momento diferente.
Não dá para discordar disso, mas é inegável que os jogadores do Brasil vão para o Maracanã com dois pesos enormes nas costas: primeiro a quase obrigação de chegar ao ouro; segundo a lembrança da goleada por 7 a 1 diante da Alemanha na semifinal da Copa do Mundo de 2014. Aquele vexame ainda está na memória de todos os brasileiros, e a todo momento alguém fala dele. Só que esse jogo não tem nada a ver com aquele.
Que os meninos do Brasil entrem em campo livres, leves e soltos porque, apesar do resultado de logo mais, já fizeram sua parte.
Frase:
Eu fiquei assustado. Fiquei impressionado porque, embora não tivéssemos conquistado a famosa medalha de ouro, tínhamos conquistado o coração do povo brasileiro, homens e mulheres. Foi um ponto importantíssimo que aconteceu nessa Olimpíada. Hoje tínhamos o estádio lotado, mesmo disputando o bronze. A impressão é que o brasileiro vai enxergar o futebol feminino de outra forma. De repente você assiste uma Olimpíada com intensidade de Alemanha, Canadá, todas as seleções, e o Brasil jogando no mesmo nível. Deve passar a ser encarado com maior seriedade e mais respeito.
Osvaldo Alvarez, o Vadão, técnico da Seleção Brasileira Feminina de Futebol, que perdeu a disputa pelo terceiro lugar nesta sexta-feira, por 2 a 1, em São Paulo, e ficou sem medalha na Rio 2016
JOGO RÁPIDO
PEGA NA MENTIRA…
- O MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) anunciou nesta sexta-feira (19) que vai recorrer da fixação de multa aplicada ao nadador americano James Feigen, envolvido no caso do falso assalto durante a Rio-2016. Para o MP, a multa de R$ 35 mil não é proporcionar às condições financeiras de Feigen. Por isso, quer que o nadador pague R$ 150 mil por falsa comunicação de crime. Na madrugada do último domingo (14), Ryan Lochte, Gunnar Bentz, Jack Conger e Jimmy Feigen alegaram que foram vítimas de um roubo em uma falsa blitz policial.
…PEGA NO BOLSO TAMBÉM
- A multa de R$ 35 mil foi fixada pelo Juizado do Torcedor e Grandes Eventos. O MP disse que não concordou com esse valor por entender que ele é insuficiente diante da gravidade e repercussão negativa do fato. Ainda segundo o MP, as negociações em torno da transação penal ainda não haviam sido concluídas quando o valor foi estipulado pela Justiça.
A EFICIÊNCIA VENCEU A RETRANCA
- A Alemanha, bicampeã mundial, superou o ferrolho da defesa sueca, venceu o jogo por 2 a 1 e conquistou o ouro olímpico nesta sexta-feira, com gols de Marozsan e Sembrant. Blackstenius diminuiu para a Suécia. A tática defensiva da Suécia segurou a Alemanha por um tempo inteiro na final do futebol feminino. Mas não foi suficiente. Mais agressiva, a seleção alemã conseguiu furar a retranca sueca e conquistou o ouro.
E TOME VAIA
- A torcida presente no Maracanã mostrou que ainda não tirou da cabeça a goleada de 7 a 1 sofrido pelo Brasil diante da Alemanha na semifinal da Copa do Mundo. A cada vez que uma jogadora alemã tocava na bola, uma chuva de vaias vinha da arquibancada. Antes do ouro no Brasil, a Alemanha havia conquistado três medalhas de bronze consecutivas: Sydney-2000, Atenas-2004 e Pequim-2008.
BRASIL VAI À FINAL DO 4x400m
- O Brasil nem esperava mais a classificação para disputar a final dos 4x400mm na Rio 2016. Mas um erro em uma das passagens custou à Grã-Bretanha a vaga na final. Segundo a organização da prova, um dos componentes do time começou a correr fora da área de troca e, por isso, toda a equipe foi desclassificada. Com isso, o Brasil herdou a última vaga para a final da prova, que ocorrerá neste sábado, às 22h35. A informação, divulgada pela Iaaf (Federação Internacional de Atletismo) e a organização da Rio-2016 dão uma sobrevida a Pedro Oliveira, Alexander Russo, Peterson dos Santos e Hugo de Sousa, componentes da equipe brasileira que competiram nesta sexta na segunda bateria eliminatória.
NATÁLIA CAI DO MAIÔ
- Única representante individual do Brasil na ginástica rítmica na Olimpíada, a capixaba Natália Gaudio encerrou sua campanha nos Jogos do Rio de Janeiro na 23ª colocação entre as 26 atletas que disputaram as provas nesta sexta-feira. Sua pontuação total (65.532) não foi suficiente para colocá-la entre as dez competidoras que brigarão por uma medalha neste sábado, a partir das 15h20.
* Wilson Moço é jornalista, com passagens pelos jornais Diário do Grande ABC nas funções de repórter e editor-assistente de Esportes, de Política e de Setecidades, além de redator da Primeira Página; Gazeta Esportiva, como chefe de reportagem e editor-assistente; Bom Dia ABCD, como editor; ABC Repórter, como editor; e Revista Livre Mercado, como editor-executivo, além de atuar na Secretaria de Comunicação das Prefeituras de Santo André e São Bernardo. Contatos com o autor e colunista pelo e-mail wilsonmoco53@gmail.com
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