Nada de vingança ou revanche: a história agora é outra

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* Wilson Moço – A classificação das seleções de Brasil e Alemanha para a disputa da medalha de ouro do futebol masculino nos Jogos Olímpicos Rio 2016, garantidas na tarde desta quarta-feira (17), deve render na mídia e nos comentários de torcedores do Brasil afora os velhos chavões ‘revanche’ e ‘jogo da vingança’, em referência à goleada de 7 a 1 dos alemães sobre os brasileiros na Copa do Mundo de 2014, também disputada por aqui.

Mas a partida que será realizada no sábado (20), a partir das 17h30, não tem nada a ver com aquela. Afinal, são competições diferentes e equipes mais do que diferentes daquelas, em que pese a derrota daquele dia ainda estar engasgada na garganta de todos os brasileiros.

Assim como está esgasgada a decepção de que o chamado ‘melhor futebol do mundo’ – o que já não é verdade há algum tempo – ainda não ostenta no peito a obcecada medalha de ouro. Já passou perto, mas ficou mesmo com a prata, o que para a maioria dos brasileiros e da chamada crítica especializada é como se não valesse nada.

O que é um absurdo por completo, porque se trata de competição e, às vezes, nem sempre vence o melhor, mas aquele que por um motivo ou outro se sai melhor na disputa que vale o ouro. E esquecemos, quase sempre, que em Jogos Olímpicos e Copas do Mundo estão aqueles que nas disputas por vagas nessas competições foram os melhores. E não apenas aqueles que historicamente são os melhores nesse ou naquele esporte.

A Seleção Brasileira que chega à final do futebol certamente surpreendeu aos críticos e à torcida – incluído aí este colunista. Não porque a equipe não tenha qualidade, mas por causa da péssima impressão deixada nos dois primeiros jogos, quando empatou em 0 a 0 com África do Sul e Iraque, em partidas que, teoricamente, as vitórias eram favas contadas. Era então um time apático no qual poucos apostariam em uma vitória na partida em que decidiria sua sorte na competição, contra a Dinamarca. Mas, como costumam pregar muitos técnicos, a equipe teve atitude a aplicou goleada de 4 a 0.

Na sequência veio a perigosa Colômbia, e mais uma vez a equipe teve a tal atitude e venceu por 2 a 0, novamente com boa atuação de Neymar que, enfim, parece ter assumido a condição de líder e chamou a responsabilidade de conduzir o time, assim como fez na tarde desta quarta-feira na goleada por 6 a 0 sobre a inexpressiva Honduras.

O resultado pode dar ao Brasil a enganosa posição de favorito frente aos alemães, o que é por demais perigoso diante de um time coeso, forte e bem treinado. E frio e calculista acima de tudo, assim como foi a Suécia na semfinal contra as meninas do Brasil. Elas jogaram por uma bola ou para levar a decisão para os pênaltis. Não fizeram gol no tempo normal nem na prorrogação, seguraram o 0 a 0 e venceram nas penalidades.

O jogo deste sábado vale o ouro e, portanto, a torcida é para que Neymar mantenha a postura de líder e mostre que aprendeu com o argentino Messi que a melhor resposta para os pontapés que leva dos adversários é na bola e com dribles e gols, que ele sabe muito bem fazer, e não com reclamações, firulas, mimimis e peitando juiz. O time mostrou nos últimos três jogos que é possível deixar de lado as individualidades e jogar da forma que o futebol exige, priorizando o coletivo.

O que os meninos – alguns nem tanto — não podem é entrar na pilha da mídia e da torcida e levar para o campo que a partida vale como ‘revanche’ ou ‘vingança’ da derrota na Copa. A história agora é outra, e a obcecada medalha de ouro será consequência da atitude de cada um dentro de campo.

O Brasil não é favorito, mas tem futebol para chegar ao lugar mais alto do pódio. Se for prata, paciência, faz parte do jogo…

 

Frase:

Não tem essa de vingança. Temos que encarar com maturidade. Estamos aqui para conquistar o ouro e temos essa oportunidade. Não podemos pensar nisso. Trata-se de outra ocasião, outra situação, campeonatos diferentes. É uma atmosfera diferente, tudo diferente. Só não muda o país, que é aqui no Brasil

Gabriel Jesus, atacante da seleção brasileira, ao rejeitar a conotação de vingança ou revanche na final entre o Brasil e a Alemanha, por conta dos 7 a 1 aplicados pelos alemães na Copa do Mundo no Brasil


JOGO RÁPIDO

PRATA NO VÔLEI DE PRAIA FEMININO

  • O vôlei feminino queria levar duas medalhas na Rio 2016. Teve de se contentar com apenas uma. As brasileiras Ágatha e Bárbara Seixas não conseguiram repetir nesta quarta-feira a grande atuação das semifinais e ficaram com a medalha de prata na final do vôlei de praia nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A dupla foi superada por 2 sets a 0, com parciais de 21/18 e 21/14, pelas alemãs Laura Ludwig e Kira Walkenhorst, que já haviam tirado Larissa e Talita da final um dia antes e conquistaram o primeiro ouro feminino da Europa na modalidade. Ágata e Bárbara, nas semifinais, eliminaram as favoritas americanas Walsh e April Ross, que ficaram com o bronze ao derrotarem Larissa e Talita, por 2 a 0.

MAIS UM TRICAMPEÃO OLÍMPICO

  • Usain Bolt está muito perto de um tricampeonato olímpico nos Jogos do Rio-2016. Nos 200 metros, o jamaicano garantiu a liderança da segunda bateria e avançou à final com o tempo de 19s78, nesta quarta-feira, no estádio Olímpico, o Engenhão. Com a meta de quebrar o recorde mundial (19s19), o astro mais uma vez desacelerou no fim e poupou energia para a prova decisiva, que será disputada nesta quinta, às 22h30. No fim da prova, antes mesmo de cruzar a linha de chegada, Bolt estava descontraído e se mostrou tão senhor da prova que olhou para o lado e sorriu para o segundo colocado, o canadense Andre De Grasse. O canadense Andre De Grasse – bronze nos 100 metros rasos – também terá a chance de buscar uma medalha nos 200 metros depois de ficar a apenas dois centésimos de Bolt na semifinal. Com 19s80, ele quebrou o recorde nacional da prova e se classificou em segundo entre os finalistas.

JAMAICANO, QUASE BRASILEIRO

  • O torcedor brasileiro mostrou seu apoio a Bolt em diversos momentos, como na primeira aparição no telão do estádio, na entrada dos atletas e, principalmente, no anúncio oficial dos atletas. E o Rio faz bem para o jamaicano. Ele revelou que costuma ficar nervoso antes da prova, mas no Rio mostrou descontração. Na hora do aquecimento, ainda na parte interna do estádio, ele ensaiou alguns passinhos de dança.

REMA, REMA REMADOR…

  • O brasileiro Isaquias Queiroz, na Rio 2016, pode ser o quinto brasileiro a conseguir duas medalhas na mesma olimpíada. Na semifinal da C1-200 da canoagem velocidade, foi dele o melhor tempo – não apenas da fase, mas da história da prova nos Jogos Olímpicos. Depois de ter feito uma reinvenção pessoal, especificamente no seu estilo de remar nos segundos finais, Isaquias terá de começar a remar mais rápido desde a metade da prova se quiser levar o ouro.

TRINCA OLÍMPICA

  • Se na ginástica artística masculina, os brasileiros Diego Hipólito e Artur Nori, com a prata e o bronze, propiciaram um pódio inédito, com dois representantes do mesmo país na prova do solo, os EUA, com a conhecida mania de grandeza e de perfeccionismo, inventaram moda na premiação de uma prova e levaram as três medalhas em disputa na dos 100 m com barreiras. Brianna Rollins (ouro), Nia Ali (prata) e Kristi Castlin (bronze) não deixaram nada para as adversárias e protagonizaram um pódio olímpico inteiramente norte-americano. O feito conseguido pelas americanas é histórico. Foi a primeira vez que o atletismo feminino dos Estados Unidos conseguiu a trinca ouro-prata-bronze em qualquer evento na história da Olimpíada.

ADEUS

  • Reportagem do jornal The Guardian informou que um membro da delegação da Inglaterra teria sido assaltado a mão armada no Rio de Janeiro. O episódio teria acontecido quando esta pessoa, que não foi identificada na matéria e nem teria registrado Boletim de Ocorrência, passeava à noite pela cidade. Para evitar novos casos, dirigentes enviaram um e-mail aos atletas com um alerta: se eles deixassem a vila olímpica, assumiriam os possíveis riscos. “O Rio não é um local seguro, e os níveis de criminalidade aumentaram nos últimos dias. Pense com muito cuidado se vale a pena o risco de deixar a vila olímpica para comemorar após você encerrar sua participação [nos Jogos-2016]. Nosso maior conselho é que não vale se arriscar devido ao clima atual no Rio’, diz a nota distribuída aos atletas britânicos.

 

 

24540_119355818076389_6557068_n* Wilson Moço é jornalista, com passagens pelos jornais Diário do Grande ABC nas funções de repórter e editor-assistente de Esportes, de Política e de Setecidades, além de redator da Primeira Página; Gazeta Esportiva, como chefe de reportagem e editor-assistente; Bom Dia ABCD, como editor; ABC Repórter, como editor; e Revista Livre Mercado, como editor-executivo, além de atuar na Secretaria de Comunicação das Prefeituras de Santo André e São Bernardo. Contatos com o autor e colunista pelo e-mail wilsonmoco53@gmail.com

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