* Marcelo Sarti – Antes da industrialização de São Bernardo, a cidade era conhecida como “Villa São Bernardo” e os bairros, praças e ruas que hoje conhecemos receberam os sobrenomes das primeiras famílias que moraram aqui. Contar as histórias de como tudo começou é uma das propostas do grupo aberto para a comunidade “Conversas de Memória”, que busca fazer um resgate histórico da cidade e seus moradores.
As reuniões são realizadas toda última quarta-feira do mês e conta com a presença de memorialistas e moradores interessados na história local, na Seção de Pesquisa e Documentação, no centro. Cada encontro tem como temática um determinado bairro, com convidados que moraram ou moram na região.
O tema da última reunião foi sobre o Riacho Grande. As famílias dos primeiros moradores do bairro, que deram nome às escolas e ruas, foram muito citados, como os Finco e os Caputo. Fortunato Finco era dono da maior serraria local – a exploração madeireira foi o que moveu a economia do bairro. Antônio Caputo foi dono do maior lote de terras do Riacho, espaço que hoje ocupa o que os moradores chamam de “centrinho”.
Um dos personagens de destaque foi Quirino Vizentim, 90 anos, o único dos barqueiros que participavam da procissão de Nossa Senhora dos Navegantes que está vivo. A procissão teve início na década de 1950 e era realizada nas águas da represa Billings, mas anos depois passou a ser realizada em terra por questões de segurança.
Quirino e Therezinha Vizentim contaram como era o Riacho Grande nos anos 30 e 40. Vizentim contou diversas histórias, entre elas sobre como eram feitos os enterros e velórios na época, já que até hoje o bairro não tem cemitério. “A gente trazia o caixão na mão para enterrar no cemitério da Vila Euclides. Fazíamos uma parada no Bar da Magnólia, que ficava perto da rua Marechal, colocávamos o caixão na calçada e bebíamos um pouquinho. Defunto não bebe mais, não é mesmo?”
Para Hilda Breda, 64 anos, neta de Giovani Breda, nome de uma das praças da cidade, no bairro Assunção as reuniões mensais são muitos importantes. “O acervo de São Bernardo é muito grande, a história da nossa cidade é rica e é importante que essa memória não se perca”. Como uma das convidadas especiais para a Conversa, Dolores González, filha de Juan González García, um importante artista espanhol, que mora no Riacho, contou como foi a chegada e a consolidação da família dela na região.
Serviço – Grupo de Memórias (Alameda Glória, 197, no Centro de São Bernardo). Funcionamento: segunda à sexta-feira, das 8h30 às 17h. Telefone: 4125-5577.
* Marcelo Sarti é morador de São Bernardo e funcionário aposentado da Volkswagen do Brasil, e se orgulha de sua família ter recebido o primeiro telefone da cidade. Marcelo é conhecido nas redes sociais por ser crítico contumaz dos políticos do país, do Estado e de São Bernardo. Contato com o colunista pelo e-mail mssarti@terra.com.br
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