Polícia Militar é historicamente racista e tem violência como modus operandi

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Da Redação – A Polícia Militar do Brasil é a que mais mata no mundo, com números totais de mortes comparáveis aos de países que se encontram em guerra. É o que aponta a Anistia Internacional, movimento global em defesa dos direitos humanos presente em mais de 150 países. Segundo os últimos dados da instituição, em 2012 foram 56 mil homicídios no País, sendo uma parte significativa destes perpetrada pela força policial. Um exemplo são os números de 2014, em que 15,6% dos homicídios tinham um policial no gatilho.

Para a assistente social do Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo (CRESS-SP), Francilene Gomes, os casos de violência policial sempre estiveram presentes, principalmente subnotificados, mas ficaram mais evidentes por conta de mudanças societárias, nas quais os movimentos sociais que atuam contra esse tipo de violação têm tido grande protagonismo. “Ao defender de forma intransigente importantes bandeiras de luta, como fim dos autos de resistência e desmilitarização da polícia, e atuar incansavelmente nas mídias sociais alternativas e comprometidas, conseguimos uma maior publicização destas violências”, explica.

Ela ainda ressalta que a sociedade atua como legitimadora desse fenômeno, uma vez que a atuação violenta atende aos anseios de uma cultura flagrantemente racista e desigual. “A repressão policial, pressupõe deixar as classes minoritárias, sobretudo negros e pobres, exatamente ‘onde devem ficar’, à margem e segregadas” afirma a assistente social. De acordo com Francine, a própria sociedade defende esse comportamento policial. Prova disso são os comentários em notícias sobre essa atuação violenta, em sua maioria apoiando as atitudes do policiais, fato colabora para o aumento de casos de execuções sumárias e desaparecimentos.

Ela ainda explica que o próprio surgimento da PM teria, desde sua origem, a finalidade de controlar a população negra escravizada no Brasil, o que teria marcado o caráter racista institucional de sua atuação. “Esse é um dos temas do livro Desmilitarização da polícia e da política: Uma resposta que virá das ruas, organizado pelo também assistente social Givanildo Manoel, composto por artigos de outros militantes e pesquisadores dessa questão”, conta.

Para Francilene, que também integra o Movimento das Mães de Maio, o protagonismo dos movimentos sociais e das mídias alternativas precisam somar forças com os cidadãos para defender urgentemente a desmilitarização. “Não é mais possível que a adesão aos movimentos de direitos humanos seja feita via dor, quando estes são atingidos pela violência. A mobilização, a tomada das ruas é dever de todos, sendo vital a compreensão de que estamos lutando pela defesa da vida humana”, finaliza.

O Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo (CRESS-SP) representa assistentes sociais de todo o estado. Esses profissionais atuam cotidianamente na defesa dos direitos humanos. Diversos diretores da instituição podem falar sobre o problema da violência policial.

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