Da Redação – O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou nesta quinta-feira (7) a decisão de renunciar à presidência da Câmara, cargo do qual ele estava afastado desde maio, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que o suspendeu do exercício do mandato. Ele não renunciou ao mandato. Cunha leu, com a voz embargada e lágrimas nos olhos, uma carta de renúncia no Salão Nobre da Câmara. Ele estava acompanhado dos deputados Carlos Marun (PMDB-MS) e João Carlos Bacelar (PR-BA).
“Resolvi ceder aos apelos generalizados dos meus apoiadores. É público e notório que a Casa [Câmara] está acéfala, fruto de uma interinidade bizarra que não condiz com o que país espera de um novo tempo após o afastamento da presidente da República. Somente minha renúncia poderá pôr fim a esta instabilidade sem prazo. A Câmara não suportará esperar indefinidamente”, disse o deputado. O deputado já havia negado a renúncia em diversas ocasiões.
O deputado demonstrou emoção ao falar das acusações contra sua mulher e filha, também investigadas pelo uso de contas na Suíça suspeitas de terem recebido propina do esquema de corrupção na Petrobras. Segundo Cunha, seus opositores utilizaram as suspeitas contra sua família “de forma cruel e desumana, visando me atingir”, disse. A mulher dele, Cláudia Cruz, se tornou ré num processo criminal sobre as contas suíças aberto pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba.
O deputado voltou a afirmar inocência nas acusações contra ele. “Quero reiterar que comprovarei minha inocência nesses inquéritos. Reafirmo que não recebi qualquer vantagem indevida de quem quer que seja”, disse. No pronunciamento, Cunha fez uma breve retrospectiva de seu mandato na Presidência da Câmara e ressaltou sua decisão de ter aberto o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. “Tenho a consciência tranquila, não só da minha inocência, mas de ter contribuído para que meu país se tornasse livre do governo criminoso do PT”, afirmou. Importantes líderes do PMDB, além do próprio Cunha, também são investigados pela Lava Jato.
Molon (Rede-RJ) ironizou a afirmação do advogado de Cunha. “Parece que só o advogado do representado não viu a conta. Se não há conta, será que Banco Central multou o deputado Eduardo Conta por que ele não tem conta?”, disse Molon. Nesta terça-feira, o Conselho de Ética recebeu documentação do Banco Central sobre a multa de R$ 1 milhão aplicada contra Cunha por manter recursos não declarados no exterior.
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