Da Redação – As cem mulheres atualmente ativas como doadoras do Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital Municipal Universitário (HMU) estão recebendo uma lembrança muito especial em comemoração ao Dia Mundial da Doação de Leite Materno, celebrado nesta quinta-feira, 19 de maio. Durante as visitas domiciliares para a retirada do alimento, elas são presenteadas com um chaveiro em formato de rosa e uma mensagem de agradecimento pelo ato que ajuda a salvar vidas.
O artesanato foi confeccionado pelas mães de bebês prematuros que estão na UTI Neonatal do HMU e são alimentados pelo leite das voluntárias. A iniciativa produziu mais do que as flores vermelhas e cartões, afirma a nutricionista responsável pelo Banco de Leite Humano do HMU, Nerli Pascoal Andreassa. “Foram momentos de confraternização e descontração entre essas mulheres, que estão passando pela rotina angustiante e cansativa de permanecer ao lado de seus filhos internados. Elas puderam dialogar, relaxar um pouco, trocar experiências, além de agradecer essas outras mães, que elas nem conhecem, mas que tanto as ajudam. As doadoras são protagonistas de histórias de superação, promovem a vida e merecem todo esse carinho”, comenta.
A auxiliar de cozinha Maria Nazaré Fernandes Coelho, 46 anos, caprichou nas dobras da fita de cetim. Ela conta que, graças ao leite materno doado, seu filho ganhou peso e hoje mama no peito. “É meu primeiro filho. Via meu bebê tão pequenininho na incubadora, recebendo o leite pela sonda, e sonhava com o dia em que ia conseguir amamentar. É a melhor coisa do mundo. Serei eternamente grata às mães que têm esse gesto bonito. É o tipo de ajuda que vale para toda uma vida”, diz.
O filho de Maria Nazaré, Davi, nasceu em 17 de março com 925 gramas, na 31ª semana de gestação. Passou cerca de 40 dias se alimentando exclusivamente dos estoques do BLH, até alcançar 1,6 kg e ter energia suficiente para conseguir sugar o peito da mãe. Assim como ele, outros 90 bebês no HMU são beneficiados todos os meses pelo leite materno das doadoras, alimento rico em anticorpos e nutrientes fundamentais para o desenvolvimento e proteção desses recém-nascidos.
A equipe do BHL faz a busca ativa de voluntárias, começando pelo próprio hospital. Mulheres que pariram no HMU recebem, antes da alta médica, todas as informações necessárias caso queiram se tornar doadoras. Para colaborar, é preciso ser saudável, estar amamentado e ter sobra de leite. Sinais típicos de volume excedente são mamas muito cheias e registro de vazamentos constantes, mesmo após as mamadas.
A esteticista Sueliana Rodrigues Pereira passou a contribuir com o BHL quando foi mãe pela segunda vez, há seis anos. “Quando meu primeiro filho nasceu, na maternidade particular, ninguém me orientou sobre essa questão. Eu tinha muito leite e chegava a tirar e jogar fora, porque desconhecia essa possibilidade. Em 2010, tive minha filha no HMU e passei a doar. Consegui colaborar durante um ano. Em 2015 meu terceiro filho nasceu e desde setembro estou doando novamente. Fico feliz de poder ajudar porque hoje sei que leite materno é vida, é saúde”, conta.
O mesmo sentimento é compartilhado pela manicure Valsilene Rodrigues dos Santos. Ela teve seu bebê num hospital privado, mas soube por uma cliente que poderia aderir à iniciativa. “Saber que posso alimentar outras crianças faz com que eu me sinta muito abençoada. Meu filho nasceu em novembro e há dias em que me levanto diversas vezes de madrugada para coletar o leite, período em que tenho mais sobra. É o único ‘trabalho’ que tenho, já que as meninas do banco de leite passam em casa para retirar os vidros”, explica.
A visita domiciliar para a retirada do alimento é agendada segundo a disponibilidade da voluntária e, na maioria dos casos, acontece semanalmente. Não há quantidade mínima para a doação nem custos para a doadora. O HMU fornece os recipientes para acondicionar o produto no freezer, e a equipe do BHL está capacitada para tirar todas as dúvidas sobre o procedimento. As interessadas devem entrar em contato com o banco pelo telefone 4365-1480, ramal 1203.
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