Pirâmide financeira, marketing agressivo e os prejuízos milionários

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Jorge Calazans*

No último dia 31 de outubro, a Polícia Civil de Mato Grosso (MT) deflagrou a Operação Cleópatra. O objetivo dessa operação era o cumprimento de diversos mandados de busca e apreensão, bloqueio de bens e valores, além de um mandado de prisão e de suspensão de atividades econômicas fraudulentas, usadas para camuflar mais um esquema de pirâmide financeira no país, este praticado pela DT Investimentos.

Nessa pirâmide financeira, os prejuízos estão estimados em R$ 2,5 milhões. O esquema fraudulento era liderado pela empresária Taiza Tosatt Eleoterio da Silva, que se apresentava como especialista em investimento para atrair investidores e fazer dezenas de vítimas. A estratégia utilizada não era novidade. A sua forma de atuação se assemelha aos demais casos de pirâmide financeira praticados aos tantos no país.

A empresária usava como isca as redes sociais para atrair investidores com a promessa de altos retornos financeiros, de 2% a 6% ao dia, algo absolutamente impraticável no mercado financeiro.  Contudo, todo o recurso sofisticado de marketing utilizado pela DT Investimentos fez com que dezenas de pessoas de Cuiabá e de outras cidades do Mato Grosso caíssem no conto e aplicassem seus recursos erroneamente.

O uso de marketing agressivo tem sido cada vez mais comum por parte dos operadores de pirâmides financeiras para potencializarem a atração das vítimas. No caso da DT Investimentos, a empresária apresentava nas redes uma vida de sucesso, mostrando que os investidores poderiam seguir o mesmo caminho, com lucros elevados, de acordo com o aporte financeiro.

A estratégia mentirosa fez com que algumas vítimas chegassem a investir valores elevados, ultrapassando R$ 100 mil, incentivados pelo fato de que, nos primeiros meses do golpe, recebiam pagamentos da empresa fraudulenta. Tudo era pensado para que, encorajados pelos primeiros recebimentos, os investidores ampliassem o aporte de recursos.

Contudo, após os meses iniciais de recebimentos, a empresa deixou de pagar e passou a inventar diversas desculpas para o não pagamento, enquanto a líder do esquema buscava se distanciar dos investidores, agora transformados em vítimas.

Com a realização da Operação Cleópatra, a empresária foi presa e teve diversos bens apreendidos. Esse, porém, é o primeiro passo na busca por Justiça a quem confiou parte de seus patrimônios na esperança de que realizava um bom negócio.

As investigações policiais seguem em curso e, para as dezenas de vítimas das DT Investimentos, o que fica é a jornada em busca do resgate de seu patrimônio. A Operação Cleópatra trouxe à tona mais uma pirâmide financeira que, como tantas outras que acontecem em nosso país, afetam milhares de investidores.

Para essas vítimas da DT Investimentos, é essencial que busquem apoio para fazer uma denúncia formal na Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon) do estado e, ainda mais importante, contem com auxílio jurídico especializado para reaver seus investimentos. O caminho do judiciário é a única via para esse retorno.

*Jorge Calazans é advogado especialista na área criminal, conselheiro estadual da Anacrim e sócio do escritório Calazans & Vieira Dias Advogados, com atuação na defesa de vítimas de fraudes financeiras

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