SP fará investimentos de mais de R$ 800 milhões em telemedicina e digitalização do SUS

Ação acontece por meio de um empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento

Da Redação – Com o objetivo de reduzir a fila do Sistema Único de Saúde (SUS) e aumentar a oferta de consultas via telemedicina, o governo do estado de São Paulo conseguiu um empréstimo de US$ 164 milhões (R$ 847,4 milhões) com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O crédito também será usado na ampliação do atendimento da plataforma Poupatempo Digital.

Para Marcos Penido, secretário do governo do estado, a ideia é democratizar o acesso à saúde e a inclusão digital dos mais vulneráveis. “Que a gente possa garantir a telemedicina de especialidades, o tão esperado e necessário histórico clínico digital. Fazer com que o sistema digital possa interagir com o sistema de saúde”, comenta.

Penido diz ainda que o atendimento presencial nunca será igual ao remoto, “mas poderá, através do histórico, o médico terá mais embasamento para orientar os seus pacientes, seja de consulta ou num pós-operatório. Ter tudo isso integrado.”

Telemedicina no Brasil

Vale lembrar que – apesar da telessaúde ainda estar em tramitação no senado desde abril deste ano – a capital paulista aprovou um projeto que legaliza a telemedicina na cidade, em outubro de 2021. O Conselho Federal de Medicina já divulgou uma resolução que regulamenta a prática por parte dos médicos, a partir das regras estipuladas pelo órgão.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Chao Lung When, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a telemedicina poderá diminuir as filas do SUS.  “Principalmente se fizermos a teletriagem referenciada, porque nós poderíamos identificar as situações mais graves ou prioritárias para atendimento. Quase 70% das situações poderíamos resolver na modalidade não presencial”, aponta. 

No entanto, Antonio Carlos Endrigo, diretor de Tecnologia da Informação da APM (Associação Paulista de Medicina), defende a realização de treinamentos e capacitações para preparar os médicos para as consultas remotas. “Para uma ampliação do uso da telemedicina, um dos pontos que mais nos preocupa é a capacitação dos médicos no relacionamento com seus pacientes de forma remota”, diz. 

Outras frentes de trabalho

Uma parte dos R$ 847,4 milhões adquiridos pelo empréstimo do BID serão usados na ampliação dos serviços digitais no estado, visando a modernização da plataforma Poupatempo Digital. Segundo informações, a plataforma oferece hoje 238 serviços para a população e, até o final do ano, a meta é complementar 250.

Um dos tópicos do programa também está na alfabetização digital de mulheres e a digitalização de serviços públicos estaduais. Lúcia Lúcia Dellagnelo, diretora-presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira(CIEB ), a pandemia mostrou como – mesmo com um eventual acesso à internet –  muitas pessoas estão desconectadas.

“Nas escolas, a gente diz que é igual a luz elétrica. Existe uma parcela de população que não aproveita os benefícios que a tecnologia pode gerar porque não tem essa capacidade de usar a tecnologia de modo inteligente e produtivo”, comenta.