Venda de agroecológicos se consolida na Feira Noturna da Praça da Moça

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Texto: Iara Santos Luz – Foto Mauro Pedroso

Da Redação – “Desde que me entendo por gente, com meus cinco anos de idade, eu mexo com a terra. Acompanhava meus pais na roça e gosto tanto do plantar que, se tivesse que escolher entre plantar e cuidar da minha casa, eu ficava com a lavoura”. É assim que pensa a agricultora Rosana de Almeida, de 53 anos, mãe de dez filhos e vendedora de produtos agroecológicos na Feira Noturna da Praça da Moça, no centro de Diadema.  

De quinze em quinze dias, Rosana, junto com um grupo de agricultores familiares, comercializa na feira noturna de Diadema alimentos sem agrotóxicos trazidos de quatro cidades da região do Vale Ribeira: Eldorado, Iporanga, Itaóca e Jacupiranga.

Outro ponto de venda é no estacionamento da Central de Atendimento, na Rua Marechal Floriano, 289, onde a comercialização também é feita, quinzenalmente, aproveitando a vinda dos agricultores a feira livre de Diadema. No estacionamento, o comércio começa por volta das 10h e vai até as 14h.

Cooperativismo

Os orgânicos vêm da Cooperquivale – Cooperativa dos Agricultores Quilombolas do Vale do Ribeira, formada por mais de 200 famílias de lavradores. Fundada no ano de 2012, a cooperativa tem na sua maioria a participação de mulheres que, além de produtos artesanais (mel, doces, colorau, farinha de mandioca, rapadura, pimentas em conserva e banana chip entre outros), ainda cultivam frutas, verduras, legumes, raízes, tubérculo e temperos.

“Eu compro produtos nessa barraca desde que ela começou a funcionar aqui na feira. Esta é a oitava vez que faço compras e, como são alimentos naturais e de qualidade, o sabor é outra coisa”, afirma a professora aposentada e moradora do Parque Real Dasdores Messias da Silva.

A professora ressalta a importância do consumo de produtos sem agrotóxicos para a saúde e a frequência em comprar na barraca já lhe trouxe uma maior convivência com os agricultores. “Já fiz amizades com eles (se referindo aos produtores) e até já trouxe cafezinho aqui pra eles tomarem”, revela a compradora.

Outra moradora de Diadema que também fez compra na banca da Cooperquivale e aprovou a iniciativa da venda dos orgânicos foi a técnica em radiologia Lilian Castelhano. “Estava passando pela feira e parei aqui, mas nem sabia que os produtos eram sem agrotóxicos. Vou vir outras vezes”, conta. 

Lilian argumenta que no Brasil o controle de pesticidas na agricultura está cada vez mais precário e que isso é um perigo para vida das pessoas. “No Brasil não se fiscaliza quase nada. Ingerimos alimentos que recebem vários tipos de agroquímicos e nem sabemos do que se trata”, finaliza. 

Agroecologia

Adan Rodrigo Trolese Pereira, outro integrante da Cooperquivale, também traz parte de sua produção para vender na feira noturna de Diadema. Aos 33 anos e desde pequeno lidando com roça, é com orgulho que revela fazer parte da quarta geração de uma família que realiza o plantio sem uso de produtos químicos. “Eu produzo raízes, batata, cará, mandioca, açafrão, gengibre, entre outras coisas, e bananas de vários tipos. Tudo é cultivado dentro do sistema da Agroecologia, que não utiliza veneno para o controle de pragas e respeita o meio ambiente. Nós trabalhamos em consórcio com a Mata Atlântica, preservando a mata ciliar e as nascentes”, explica.

Falando sobre a importância da Prefeitura de Diadema em abrir espaço para a venda de produtos agroecológicos na feira livre, ele ressalta o trabalho dos plantadores. “A abertura do ponto de venda é um reconhecimento da agricultura familiar que, neste momento, passa por situação difícil porque não tem ajuda governamental. Isso afeta a produção e a vida de quem produz”, finaliza Adan.

Além da Feira Noturna da Praça da Praça, outra forma de consumir produtos sem fungicidas em Diadema é comprar de moradores que cultivam 24 hortas comunitárias na cidade. A venda acontece nos locais onde ficam os canteiros e para saber os endereços basta ligar no telefone 4057-8015.

“As hortas integram o programa municipal Agricultura Urbana, fomentado pela Secretaria de Segurança Alimentar, que tem o objetivo de promover a boa alimentação e também renda”, afirma o responsável pela pasta, Gel Antônio.

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