Espaço em Paranapiacaba foi construído no século 19 para ser casa do Serrano Athletic Club; memorial a Charles Miller será instalado ao lado
Texto: Dérek Bittencourt – Fotos: Helber Aggio/PMSA
Santo André – O Brasil é conhecido como o “país do futebol” por sua tradição e pelas conquistas no esporte. A única seleção a ter cinco títulos da Copa do Mundo buscará no Catar, entre novembro e dezembro deste ano, a sexta estrela para a camisa amarelinha. Pouco tempo antes, inclusive, Santo André vai inaugurar um local histórico, que foi justamente o pontapé inicial para uma das maiores paixões dos brasileiros. Isso porque o campo do Serrano Athletic Club, o primeiro com medidas oficiais em solo verde e amarelo, está passando por obras de revitalização.
A restauração do campo conta com investimento de mais de R$ 3,9 milhões, montante oriundo do governo federal, por meio do PAC Cidades Históricas do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão ligado ao Ministério do Turismo. E além do campo, existem mais planos previstos para contemplar aquelas pessoas que gostam de história e de futebol.
“Vamos entregar antes da Copa do Mundo, entre setembro e outubro, o primeiro campo com medidas oficiais do Brasil. E a própria família do Charles Miller, que morou na vila, autorizou a criação do memorial dele aqui, para que Paranapiacaba se torne referência turística para os amantes de futebol e de história. Vamos recuperar (o campo), mas mantendo sua história e tradição”, afirma o prefeito Paulo Serra.
Construído no final do século 19, o campo foi a casa de um dos primeiros times de futebol do Brasil, o Serrano Athletic Club. Respeitando as características originais do campo – que, como toda a parte baixa da vila, é tombado pelo Iphan, Condephaat e Comdephaapasa –, serão realizadas obras para instalação de sistema de drenagem e gramado, vestiários, banheiros e arquibancadas.
O secretário de Meio Ambiente, Fabio Picarelli, dá mais detalhes sobre a criação do local em recordação ao ‘pai do futebol’ no Brasil. “A Prefeitura conta com 350 imóveis de madeira na parte baixa, então nada mais justo do que recuperar e destinar um destes para fazer o Memorial Charles Miller, contando um pouco dessa história e do vínculo dele com a vila de Paranapiacaba. Nossa equipe de historiadores procurou a família do Charles Miller e obteve a autorização para fazer essa homenagem, em memória desse importante personagem”, explica.
“Segundo consta, Charles Miller volta da Inglaterra, para onde tinha ido estudar, trazendo regras, chuteira. Foi aqui que começaram oficialmente os campeonatos, para onde ele trouxe o profissionalismo. Então temos em Paranapiacaba a felicidade em ter o primeiro campo com medidas oficiais”, emenda Fabio Picarelli.
Na visão do prefeito Paulo Serra, todo este cuidado para que a vila seja restaurada é uma forma de manter a história viva em um local com tanto significado para o progresso paulista.
“O desenvolvimento do Estado de São Paulo começou aqui. Santo André não é a ‘Terra Mãe dos Paulistas’ à toa. A ferrovia Santos-Jundiaí nasceu aqui (inaugurada em 1867). A consolidação das leis trabalhistas em um País na época ainda escravocrata nasceu aqui, porque os ingleses já aplicavam as leis trabalhistas e o Brasil ainda estava sob regime de escravidão. Isso é histórico”, comenta o prefeito.
Intervenções – A partir dos recursos provenientes do PAC Cidades Históricas, já foram entregues quatro obras na Vila de Paranapiacaba: o Almoxarifado da antiga São Paulo Railway, a fachada da Casa do Engenheiro (atual Biblioteca), a Garagem das Locomotivas (estação aonde chega e parte o Expresso Turístico da CPTM) e as Oficinas de Manutenção.
Ainda estão em processo de restauração a antiga sede da Associação Recreativa Lyra da Serra (Cine Lyra) e 242 imóveis de madeira da Vila Martin Smith (área da parte baixa que faz parte de plano urbanístico com edificações padronizadas). Dentro do pacote proveniente do governo federal também será reconstruído um imóvel incendiado na região do hospital velho.
“Não terminamos as intervenções. Pelo contrário. Temos inúmeros desafios, mas, pouco a pouco, pelo menos até o fim desta gestão, estaremos muito próximos daquilo que a gente desejou, projetou e programou de entregar a vila”, diz Paulo Serra. “Nosso intuito é aliar desenvolvimento, turismo, emprego, renda e empreendedorismo com a manutenção do patrimônio, a preservação da história. Dá para trazer infraestrutura sem queimar a história toda da construção e tudo aquilo que a gente aprende quando começa a conhecer a vila para valer”, continua.
Além das obras financiadas pelo ‘PAC Cidades Históricas’, a própria Prefeitura realizou benfeitorias (com recursos próprios ou por meio de parcerias) em equipamentos que integram o patrimônio na vila inglesa, como o Museu Castelo (antiga casa do engenheiro-chefe), a Casa Fox (Casa da Família Ferroviária), o Centro de Visitantes do Parque Nascentes e a Estação Ferroviária de Campo Grande.
Também foram entregues nesta administração as novas sedes da GCM e do Corpo de Bombeiros, 22 novas câmeras de monitoramento – que estão integradas ao COI (Centro de Operações Integradas) da Prefeitura de Santo André – e viaturas (uma para o Corpo de Bombeiros, duas para patrulhamento e fiscalização ambiental, uma para o Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal).
Outras inaugurações foram o espaço de coworking, a modernização da Clínica da Família e do Pronto Atendimento 24 horas, e as revitalizações do Centro de Informações Turísticas e da Torre do Relógio (esta realizada pela empresa MRS).
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