Comemorada no mesmo Dia do Advogado, tradicionalmente, estudantes comem e bebem em restaurantes sem pagar a conta
Da Redação – A tradição do Dia do Pendura, mesma data em que se comemora o Dia do Advogado (11) já não é mais tão comum. Na prática, trata-se de um costume entre estudantes de Direito que vão a restaurantes, se alimentam e saem sem pagar pelo que consumiram. Embora seja popular no meio acadêmico, a questão se tornou controversa em relação ao motivo pela qual foi criada.
Em tempos de dificuldade econômica, o ‘calote’ não se justifica, na opinião do presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC), Beto Moreira. “Os bares e restaurantes enfrentaram grande dificuldade, os que sobreviveram estão tentando se reerguer de uma crise nunca vista. O estabelecimento deve cobrar pelo serviço e o cliente pagar, no mínimo. Hoje em dia todos correm atrás do prejuízo. E, ao contrário, não querem mais prejuízo”, afirma Beto.
Para o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), de Santo André, Dr. Leonardo Dominiqueli Pereira, atualmente é preciso inovar tanto os conceitos quanto os motivos. “É uma brincadeira antiga, de antes de 1900, época em que o número de estudantes era bem menor e o total de estabelecimentos também”, explicou.
Dr. Leonardo ainda alerta que realizar a brincadeira em locais onde não se tem liberdade e amizade pode configurar desrespeito e crime. “Por isso, aconselho os estudantes que não façam o pendura em locais que não conhecem, não frequentam e que o dono não tope a brincadeira”, considerou.
Outra sugestão é que os estudantes promovam o Pendura do Bem. “Troque a conta do bar/restaurante por uma ação social. Ou seja, paguem o que comeram e beberam, mas doem o valor do consumo para pessoas carentes ou instituições beneficentes. É preciso ser criativo e melhorar a tradição”, comentou Dr Leonardo.
O Dia – Trata-se de uma antiga tradição, desde a época do Primeiro Império. Nesses tempos, os donos de estabelecimentos convidavam os advogados e acadêmicos de Direito para comemorar o dia 11 de agosto em seus restaurantes. Toda a alimentação era por conta da casa. Existe também quem defende que o conceito foi inaugurado pelos estudantes de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, e logo se espalhou pelo resto do país.
Atualmente, esse cenário é diferente. Com o passar dos anos, surgiram muitos cursos de Direito no Brasil. Logo, a prática acabou se tornando insustentável. Devido ao crescente número de acadêmicos, os proprietários dos restaurantes pararam de convidá-los. Há donos de estabelecimentos que não aceitam a prática, outros que preferem oferecer desconto pra não ficar no prejuízo e os que sugerem resolver a situação na delegacia.
Nenhum comentário on "Diretoria do Sehal entende que a prática do Dia do Pendura, atualmente, não se justifica"