* Giovanni Oliveira – O conceito de inovação aberta, ou open innovation, é o futuro já presente em muitas empresas mundo afora. Há relatos de que foi Henry Chesbrough, líder estrategista e autor de um livro voltado ao assunto, que cunhou o termo. Mas, afinal, o que essa tendência emergente envolve? Para ir direto ao ponto, sintetizo usando uma explicação de seu criador: “Nenhuma inovação acontece de forma independente”.
O processo de inovação aberta consiste na cocriação de soluções aliadas a recursos e capacidades internas e externas de uma organização. Ao contrário da inovação fechada, a inovação aberta busca interagir com um ecossistema de possibilidades para geração de valor e para a obtenção de vantagem competitiva. Com isso, surgem estruturas dinâmicas que, além de oxigenar a economia com novos produtos e modelos de negócio, ajudam as empresas já estabelecidas a manter o domínio de mercado.
Voltando esse olhar ao âmbito farmacêutico, percebemos que se trata de um setor consolidado, tradicional e fortemente estabelecido em uma política de atuação. Por isso, os ciclos de mudança na área são mais longos e menos impactantes de forma geral. Mas não deixam de ser extremamente fundamentais.
A inovação no varejo farmacêutico cresce de forma orgânica. Em paralelo, surge outro movimento capitaneado por empresas focadas em inovação que levam soluções para esse setor. A vantagem é trabalhar um crescimento proativo em contraponto ao crescimento orgânico e reativo. Além disso, é notório que as empresas conseguem potencializar as suas capacidades e recursos internos quando agem em rede ou em parcerias com outras organizações.
Nessa perspectiva, a inovação aberta é essencial para incorporação de tecnologias, geração de valor e obtenção de vantagem competitiva. Por essas e outras, posso ser categórico ao afirmar três passos básicos para implementar um processo de inovação aberta no varejo farmacêutico:
1- Cultura organizacional direcionada para inovação: sem a existência da inovação como um valor interno, não há como obter a inovação como resultado.
2- Estratégias bem definidas: é preciso lançar mão de ações e políticas que tenham o cliente no centro do negócio, pois, se o fim for o faturamento e o lucro, os resultados serão momentâneos, a organização não conseguirá se estabelecer e a inovação não gerará valor.
3- Conexão com o ecossistema de inovação para investir e fazer parcerias: tanto para empreendimentos que possibilitem gerar, estabelecer e capturar valor quanto para estabelecer relações com um mercado que promova vantagem competitiva.
Dito isso, fica ainda mais fácil observar que, quando falamos de inovação aberta, a conexão entre os recursos e as capacidades internas e externas possibilita encurtar o caminho percorrido pela inovação fechada. Por meio do modelo de venture builder, conseguimos tornar esse conceito uma realidade no setor do varejo farmacêutico ao mesmo tempo que diminuímos os riscos presentes no projeto.
Por isso, acredito que o faturamento é uma consequência derivada da geração, do estabelecimento e da captura de valor quando as empresas conseguem empreender uma inovação com sucesso.
O resultado disso tudo? Ganhos materiais e imateriais, que podem ser quantificados e qualificados por métricas que vão além dos efeitos financeiros.
* Giovanni Oliveira é diretor de operações da Farma Ventures, primeira corporate venture builder dedicada ao varejo farmacêutico do Brasil – farmaventures@nbpress.com
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