Da Redação – Começou oficialmente a Campanha Salarial 2022. Em assembleia, neste sábado (16), os metalúrgicos da região aprovaram a pauta de reivindicações que será enviada aos patrões. Este ano, a categoria reivindica percentual estimado de 18% de aumento salarial, além da manutenção e ampliação das cláusulas sociais de acordos e convenções coletivas. Participaram da assembleia cerca de 100 metalúrgicos entre diretores, aposentados e trabalhadores de 22 fábricas.
Com o tema “Por aumento real, ampliação de direitos e estabilidade no emprego!” e lema “Na luta, construir um Brasil dos trabalhadores”, a mobilização já se inicia com uma conjuntura econômica e política grave no país e no mundo.
“Existe um salto numa crise econômica que já vinha ocorrendo por causa da pandemia, e isso aprofundou a situação de polarização social no mundo. Também resultou em uma brutal diminuição do salário e na precarização das condições de trabalho. Hoje, vemos no Brasil o crescimento da miséria, com 33 milhões de pessoas passando fome, mas também há uma onda de resistência que deve e vai continuar”, disse o metalúrgico Luiz Carlos Prates, o Mancha, na abertura da assembleia.
Índice de reajuste
Para indicar e aprovar o índice de reajuste, os metalúrgicos consideraram a disparada da inflação e consequentes perdas salariais, além de aumento real de salário. Segundo estudo do Ilaese (Instituto Latino-americano de Estudos Sócioeconômicos), feito para a Campanha Salarial 2022, a inflação deve continuar na casa dos dois dígitos no Brasil na data-base, em setembro. No acumulado dos últimos 12 meses (julho de 2021 a junho de 2022), o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) já chega a 11,92%.
Gatilho salarial
Também foi apresentada a proposta de criação de um gatilho salarial que seja “disparado” toda vez que a inflação tiver alta. O objetivo é que, mês a mês, o trabalhador receba um reajuste de salário de acordo com o INPC. “Seriam reajustes automáticos para parear os salários à medida que a inflação aumenta. Hoje, em cada mês, perdemos em média 10% de nosso salário. Essa bandeira do gatilho evitaria a corrosão salarial”, explicou a pesquisadora do Ilaese Ana Paula Santana.
Produtividade e rotatividade – Cerca de 31.500 metalúrgicos compõem a categoria metalúrgica na região. Mesmo com a crise econômica, a maioria dos setores da base registrou alta de produtividade no último período. De acordo com o Ilaese, o setor de siderurgia foi o que mais cresceu, com produtividade 61,97% maior em 2021. Somente a Gerdau cresceu o dobro em produtividade no ano: 106,94%. Em seguida vieram os setores de autopeças (27,77%), máquinas e equipamentos (20,59%) e fabricação de equipamentos de transporte (11,34%).
A rotatividade, mecanismo para que as empresas mantenham a massa salarial rebaixada, também foi analisada. Nas fábricas da região, o Ilaese somou 7.923 contratações contra 7.090 desligamentos em 2021, ou seja, as empresas demitiram na mesma proporção que contrataram. “As empresas demitem quem tem salário mais alto e contratam, depois, pessoas com salários menores. Isso mantém os lucros da fábrica e explora ainda mais a classe trabalhadora. É por esse motivo que devemos lutar por estabilidade”, complementou Ana Paula.
Convenções e acordosDurante a assembleia, o advogado do Sindicato Aristeu Neto chamou atenção para a importância dos acordos e convenções coletivas. Recentemente, o STF (Supremo Tribunal Federal) vetou a chamada ultratividade das normas celebradas nesses documentos. Com a decisão, os direitos conquistados pelos trabalhadores só têm validade por, no máximo, dois anos e passam a ser cancelados até que um novo acordo seja assinado. “É preciso retomar o processo de luta para que haja ultratividade novamente. Devemos conquistá-la de volta na luta, nas mobilizações e nas greves, para conseguir celebrar bons acordos e convenções coletivas”, afirmou Neto.
Pauta das mulheres tem novidades
Este ano, mais uma vez a mulher metalúrgica terá papel fundamental na luta da Campanha. Entre as principais reivindicações estão a extensão do prazo do auxílio-creche para 48 meses, oferta de kit escolar pelas fábricas, ampliação do abono de atestado de acompanhante médico e expansão da licença remunerada para mulheres vítimas de violência doméstica, tanto em tempo quanto em número de fábricas. Atualmente, esse direito varia de cinco a 15 dias de licença em 17 fábricas. O objetivo é ampliá-lo para 30 dias e atingir mais empresas.
Comissão da Campanha
Durante a assembleia, também foi eleita a comissão de dirigentes sindicais que representará a categoria este ano. Valmir Mariano, presidente em exercício do Sindicato, estará ao lado de Renato Almeida, Fátima Sousa, Lucas Francelino e André Luis Gonçalves (Alemão). A comissão começará a protocolar a pauta aprovada nas entidades patronais a partir da semana que vem. O Sindicato também iniciará as assembleias nas fábricas na próxima semana.
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