A histórica Vila Inglesa, em Paranapiacaba, terá propostas de projeto criadas por alunos da unidade Júlio de Mesquita
Da Redação – Vinte estudantes da Escola Técnica Estadual (Etec) Júlio de Mesquita receberam uma missão inédita: trazer quatro construções do século XIX para os nossos dias, respeitando as suas características originais e adaptando o uso de acordo com as normas técnicas vigentes em 2022.
O desafio está sendo encarado com entusiasmo pelos estudantes do 3º módulo dos cursos Técnico em Edificações e Técnico Integrado Médio de Design de Interiores.Os imóveis ficam no distrito de Paranapiacaba, em Santo André, e formam um núcleo conhecido como Vila Inglesa. Com 300 casas, campo de futebol, torre do relógio, clube, cinema e outros pontos turísticos, a vila foi criada em 1867 por imigrantes ingleses e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2008.
Acento britânico e acessibilidade
Os estudantes farão o projeto executivo (planta que contempla todas as especificações necessárias ao funcionário no canteiro de obras), com a apresentação da fachada em 3-D e sugestão de uso. Sorveteria, spa, chocolateria e cafeteria estão entre os possíveis planos dos meninos e meninas.
Divididos em quatro grupos, eles devem propor a adequação dos interiores incluindo a norma 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABTN), de 2015, que garante a acessibilidade a todos – tudo isso sem que se percam as características originais do casario de feição vitoriana, implantado em ruas planejadas, tudo tão britânico que não falta sequer a neblina, até hoje uma atração nesse trecho de Serra do Mar. Os imigrantes ingleses acorreram à vila para trabalhar na primeira ferrovia paulista, responsável pelo escoamento do café de São Paulo para o Porto de Santos – a Santos-Jundiaí.“
Em parcerias como essa, que reúne o poder público, empresas e instituições de ensino, todos têm muito a ganhar”, avalia Suely Magini, responsável pela área de Relações Institucionais da Etec Júlio de Mesquita. Os quatro projetos se transformarão no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) desses estudantes, e terão na banca examinadora a presença de representantes da indústria da construção civil e das Secretarias do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Econômico, além dos professores, naturalmente. Suely promete levar empresários e comerciantes para assistir a cada apresentação, em busca de viabilização para as propostas apresentadas pelas equipes.
Do TCC à Feira de Ciências – A empreitada pede muita pesquisa de alunos e docentes. Para ajudá-los, o arquiteto Antonio Carlos Palozzi, da Secretaria do Meio Ambiente, conhecedor da região, ficará responsável pela mentoria, auxiliando em tudo o que se refere a restauro – das leis que norteiam esses programas aos materiais que podem ou não ser empregados em adequações de tal porte. “Temos a contribuição e o desenvolvimento de várias competências”, elogia Suely. Em outubro, ela pretende levar os projetos para a Feira de Ciências, Tecnologia e Inovação, que acontece todos os anos em Santo André.
A restauração da Vila Inglesa vem acontecendo desde 2015, envolvendo as entidades responsáveis pela preservação do patrimônio histórico, arquitetônico e turísco nos níveis municipal, estadual e federal. Todos os anos, em dois fins de semana de julho, acontece o Festival de Inverno de Paranapiacaba (FIP) que bateu recorde de visitantes em 2017, quando 80 mil turistas passaram pelo distrito que conta com 1100 habitantes.
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