Psicanalista afirma que o importante é ser livre para ser quem você quiser
* Dra. Andréa Ladislau – No dia 28 de junho comemoramos o Dia Internacional do Orgulho LGBTI. No entanto, ainda nos deparamos com uma triste verdade sobre a intolerância: a grande maioria das pessoas, ou não percebem que são intolerantes ou estão convencidos de que a intolerância está perfeitamente justificada.
Diante deste infeliz cenário, em pleno século XXI, encontramos a homossexualidade como um tema sensível cercado por julgamentos morais e preconceitos, quando é, na verdade apenas uma característica da personalidade humana. Ou seja, é preciso reafirmarmos o compromisso com a diversidade e o respeito a todas as pessoas, independente de sua orientação sexual e identidade de gênero.
A luta pelo respeito à diversidade sexual e, principalmente contra o preconceito e às agressões que acompanham a intolerância, também esbarra no entendimento correto do conceito do Homossexualismo e da Homossexualidade. Pois, entende-se que a orientação sexual é apenas mais uma característica de um sujeito, dentro da expressão de sua sexualidade, que é subjetiva e única. Ela engloba tudo aquilo que a pessoa é capaz de construir em relação ao amor, ao carinho e ao sexo, e não o que o outro acredita ou quer dela.
Nenhum indivíduo é igual ao outro, e isso inclui também pensar em sua orientação sexual.
Por isso, é importante entender que é mais adequado utilizar o termo “homossexualidade” em vez de “homossexualismo” para definir a orientação sexual das pessoas que sentem atração ou mantêm relações amorosas ou sexuais com pessoas do próprio sexo. O primeiro termo descreve essa condição de forma neutra, enquanto o segundo, equivocadamente, tem uma forte carga pejorativa ligada à crença de que a orientação homossexual seria uma doença, uma ideologia ou um movimento político ao qual as pessoas aderem de maneira voluntária.
Isto porque, somente em 1995, que o “homossexualismo” deixou de ser considerado um distúrbio psicossocial e, consequentemente, não consta mais no CID (Classificação Internacional de Doenças), sendo substituído o sufixo “ismo” pelo sufixo “dade”, que passou a significar “modo de ser”. Portanto, afirmamos que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão; reflete uma ideia de comportamento, ou modo de ser de alguém.
A questão é que, à medida que o mundo todo caminha para compreender que homossexualismo e homossexualidade são termos similares, mas que na prática, são extremamente diferentes, a linguagem cotidiana ainda apresenta o uso do termo pejorativo e patológico “homossexualismo”. Mas o que deve ser realmente levado em conta é que existe sim uma doença relacionada à homossexualidade: a tão famigerada homofobia.
Conclusão, a homossexualidade não é uma doença e nem um transtorno psicológico, e por este motivo, não existe razão em dispensar qualquer tratamento diferenciado aos mesmos, devendo todos nós dispensarmos tratamento igual, bem como os mesmos direitos e garantias que são dados a sociedade como um todo.
Homossexualidade não é algo que possa ser “curada” com medicamentos. Muito pelo contrário, é algo natural. Não há qualquer problema ou desvio nisso. A mudança do conceito “Homossexualismo” para “Homossexualidade” reforça a ideia de que ser lésbica, gay, bissexual, transexual, queer ou intersexual (LGBTQI), não é doença. É apenas uma expressão da sua sexualidade. Uma pequena parte de quem se é. O importante é ser livre para ser quem você quiser. E se o preconceito, a intolerância e a discriminação são doenças da nossa sociedade, não podemos esquecer que a sociedade somos nós.
* Dra. Andréa Ladislau é Psicanalista
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