Recentemente, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) aplicou a prova de avaliação dos novos médicos formados nas faculdades paulistas e constatou que dos 2.891 que se submeteram 55% não foram aprovados, revelando a deficiência do ensino médico.
“Surpresa desagradável, os alunos saem da faculdade sem saber coisas básicas”, avaliou o Cremesp. Anteriormente, o diretor da escola de medicina da USP já havia dito que o médico quando sai da faculdade não está preparado. Se no maior Estado, onde estão conceituadas escolas é assim, imagine-se no restante do país. O exame, ainda que obrigatório, não impede o exercício da profissão, mesmo que o avaliado seja reprovado.
Considero importante essa avaliação profissional, a exemplo do que faz a OAB, testando seus filiados antes de liberá-los ao mercado. Se isso é importante para o advogado muito mais para o profissional que vai cuidar de vidas e, não raro é a esperança de quem por ela está lutando. Sem dúvida, como analisou o Cremesp, o resultado é uma desagradável surpresa, embora mais desagradável do que surpresa.
Provavelmente, a causa vem do tempo do Inamps, cuja tabela de remuneração desvalorizava o clínico geral priorizando as especializações, onerando o próprio serviço de atendimento à saúde pública. Com o desestímulo à função de clínico geral o estudante já no início do curso visa a uma especialização e perde a visão do ensino médico como um todo. Hoje existe incontestável carência de clínicos.
O clínico geral bem formado tem condições de resolver mais da metade dos casos e só encaminhará para um especialista os casos específicos. O custo da medicina encareceu muito por esse motivo e pelo excesso de exames complementares solicitado pelo médico antes de examinar o paciente. O corpo não é máquina, há o lado humano, psicológico, emocional. Portanto, está na hora de se pensar em uma reformulação geral da formação do médico.
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