O evento terá a maior participação de conferencistas internacionais da sua história com lideranças médicas e acadêmicas de instituições de oitos países
Da Redação – A 42ª edição do Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP, primeiro grande evento presencial da cardiologia depois de dois anos e meio, será realizado nos dias 16, 17 e 18 de junho, no Transamérica Expo Center, em São Paulo, e terá os seguintes destaques:
- Colesterol: As estatinas – remédios para controlar colesterol elevado – conseguem reduzir o risco cardiovascular em média 30 a 35%. O percentual que sobra é chamado de risco residual, ou seja, apesar do tratamento habitual otimizado ainda há chance de ocorrência de eventos cardiovasculares como infarto e AVC. “O risco residual é ainda maior em pacientes de prevenção secundária (que já fazem algum acompanhamento cardiovascular). Por isso, o tratamento deve ser agressivo e eficaz, para a redução máxima do risco de novos eventos”, afirma o diretor científico do 42º Congresso, Renato Jorge Alves, que também será palestrante sobre o tema. A aterosclerose atinge 40% da população adulta no Brasil.
- Colesterol em crianças e adolescentes: Um em cada cinco jovens tem problemas com o colesterol elevado. Dados da SOCESP revelam tendência de alta em dislipidemia entre crianças e adolescentes. Sedentarismo e alimentação desregrada podem justificar o cenário. O tema será um dos destaques do 42º Congresso.
- Como reduzir infartos: Foram registradas 28.903 internações por infarto nos hospitais do SUS no Estado de São Paulo ao longo de um ano, sendo que 12,4% destes internos morreram, de acordo com apuração junto às secretarias de Saúde. “O percentual é elevado, principalmente quando comparamos com um levantamento em hospitais privados onde o percentual de mortes por infarto é de 4,5%”, diz o cardiologista e coordenador do Projeto Infarto da SOCESP, Antonio Baruzzi. “Um serviço de mais excelência, incluindo a rapidez no uso dos medicamentos adequados, pode reduzir casos fatais”. Melhorar a qualidade da assistência na rede pública, com base nas mais recentes diretrizes nacionais e internacionais é objetivo do Projeto Infarto em parceria com o COSEMS (Conselho de Secretários Municipais de Saúde) e Secretaria Estadual de São Paulo.
- Hipertensão na pandemia: A pandemia de COVID-19 piorou o controle pressórico da população? A dúvida também é o tema da palestra do cardiologista Wilson Nadruz Junior que será baseada na pesquisa Impacto da pandemia de COVID-19 no controle da pressão arterial: um estudo nacional de monitoramento de pressão arterial em casa, concluído com cerca de 51 mil pessoas e que foi coordenado pelo próprio especialista, entre outros colegas de área.
- Cigarro eletrônico e desafio com os jovens: O tabagismo é considerado uma pandemia já que existem mais de 1 bilhão de fumantes no mundo e que estão expostos a inúmeras doenças, sendo as principais delascardiovasculares. Os homens fumantes abreviam a expectativa de vida em 10 anos, enquanto as mulheres em 14 anos, conforme estimativas da SOCESP, com base em estudos nacionais e internacionais. Em média, ambos os gêneros fumam por 30 anos, mas começam sempre muito cedo, em 90% dos casos já na adolescência. Cerca de 70% dos usuários de cigarro eletrônico, atualmente, tem entre 15 e 24 anos.
- Coração feminino: As doenças cardiovasculares são as que mais matam no país: 359.761 pessoas, sendo 189.215 homens e 168.503 mulheres. Há 60 anos, de cada 10 pessoas com problemas no coração, apenas uma era mulher. O tema vem tendo cada vez mais espaço nos eventos de cardiologia e no 42º Congresso foi firmada uma parceria inédita com a Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo – SOGESP – e a Associação Brasileira do Climatério. “Durante uma manhã inteira iremos debater a saúde feminina com a participação de especialistas das áreas de cardiologia, ginecologia e obstetrícia”, informa o presidente do 42º Congresso, Walter Gomes. “Após a menopausa, o risco de morte é 50% maior entre as mulheres infartadas do que entre os homens”, lembra Gomes.
- Síndrome do Coração Partido: Afirmar que uma desilusão amorosa pode partir um coração não é apenas retórica de romance açucarado. A Síndrome do Coração Partido – ou Síndrome de Takotsubo – é uma cardiomiopatia identificada em pessoas submetidas a situações extremas, tanto do ponto de vista emocional como físico. É causada por um pico de estresse, que desencadeia descarga de adrenalina no organismo, alterando o funcionamento do coração. Estima-se que 10% dos pacientes com Takotsubo evoluem para óbito e os motivos são geralmente a falta de suporte médico para a fase aguda da insuficiência. Trata-se de uma patologia predominantemente feminina: de 70 a 80% do total de acometidos são mulheres em menopausa.
- Espiritualidade e coração: O Grupo de Estudos de Cuidados Paliativos da SOCESP analisou dez estudos internacionais identificando de que forma a espiritualidade é integrada aos cuidados dos pacientes com cardiopatias avançadas. Em 60% dos estudos, a espiritualidade é mencionada como recurso de alívio para quem convive com o sofrimento, impactando positivamente na qualidade de vida. O tema será amplamente debatido no evento.
- Covid e coração: Conforme os trabalhos sobre os efeitos adversos das vacinas contra a COVID-19 avançam, fica mais evidente a necessidade de imunização também sob o ponto de vista cardiológico. De acordo com diversos estudos científicos sobre segurança cardiovascular destes imunizantes, o risco de se desenvolver miocardite é de 4,8 a 12 casos por milhão de vacinados, já entre os infectados estes números sobem para 40 a 450 por milhão. Já a chance de trombose é de 3,8 casos por milhão entre os vacinados. Enquanto isso, 8% dos pacientes hospitalizados e 23% daqueles que foram para a UTI por complicações da doença sofrem trombose.
- Covid e atividade física: De acordo com pesquisa da SOCESP, entre uma população que já se caracteriza por não praticar exercícios rotineiramente, – 65,8% afirmam serem sedentários – o isolamento social surtiu efeito ainda mais negativo: a maioria dos consultados, 44,0%, admitiu ter feito ainda menos atividade física durante a pandemia. O dado é preocupante porque o sedentarismo é um dos dez principais fatores de risco para a mortalidade global, causando cerca de 3,2 milhões de óbitos a cada ano. O levantamento também constatou que os entrevistados ganharam peso durante a pandemia. Uma mesa de debate irá discutir a reabilitação dos pacientes pós-Covid dentro deste cenário.
- Tecnologia e inteligência artificial: O evento terá um módulo exclusivo destinado à inovação e tecnologia. A área teve participação e contribuição das regionais da SOCESP, que estão presentes em todo o Estado e indicaram startups que atuam em saúde cardiovascular. “Há cerca de dez anos, algumas áreas, entre elas a cardiologia, ganharam o reforço de uma equipe ‘diferente’ e cada vez mais imprescindível quando o assunto é acuidade em diagnósticos e tratamentos. O time responde por IA, com as subáreas aprendizado de máquina (machine learning), aprendizado profundo (deep learning), além de redes neurais e biomarcadores vocais”, lembra o professor titular de Cirurgia Cardiovascular da Faculdade de Medicina da USP, diretor do Serviço de Cirurgia Cardiovascular e vice-presidente do Conselho Diretor do Incor, Fabio Jatene, conferencista do evento.
· Insuficiência Cardíaca: Por ser uma doença grave, que afeta mais de 23 milhões de pessoas no mundo, cerca de 2 milhões no Brasil e uma das principais causas de morte no país, o estudo da Insuficiência Cardíaca (IC) é uma das prioridades da cardiologia. Para se ter uma ideia, a sobrevida, após cinco anos de diagnóstico, pode ser de apenas 35%, chegando a 17,4% no caso de pacientes com 85 anos ou mais. Além disso, estima-se que até 80% dos homens e 70% das mulheres morram em até oito anos e que surjam 240 mil novos casos por ano da doença no país. Para trazer à tona inovações em tratamentos, discutir diagnósticos e novas diretrizes, o 42º Congresso da SOCESP abrirá espaço para uma mesa redonda sobre os Novos Conceitos na Insuficiência Cardíaca.
- Cirurgia Cardiovascular: O avanço da cardiologia pressupõe a pormenorização de alguns campos dentro da própria especialidade. É o caso da cirurgia cardiovascular, uma área que ganha cada vez mais relevância por conta de novas técnicas e as diretrizes desenvolvidas reassegurando a qualidade e os benefícios dos procedimentos. Na sessão internacional de cirurgia cardiovascular estarão contempladas as recentes diretrizes norte-americanas de revascularização do coração, com a presença de cirurgiões convidados de outros países. “Será um debate interessante entre os cirurgiões brasileiros e os especialistas estrangeiros, uma vez que as recomendações sobre o tema ainda são bastante polêmicas”, explica o presidente do 42º Congresso, Walter Gomes.
- Conferencistas internacionais: serão 19 conferencistas internacionais já confirmados, além de mais uma dezena de palestrantes mundiais que farão parte dos simpósios satélites, de oito países: Estados Unidos, Dinamarca, Irlanda, Espanha, Alemanha, África do Sul, Uruguai e Argentina. Dos EUA virão professores que atuam em instituições de reconhecimento global, como a Faculdade de Medicina de Harvard, a Cleveland Clinic, as universidades de Pittsburgh, Cambridge, Cincinnati e Columbia, em Nova York, American College of Cardiology – ACC, que promoverá um simpósio conjunto com a SOCESP, American Heart Association – AHA, que enviará integrantes da sua reconhecida publicação, Circulation, e do Hospital Geral de Massachusetts, o terceiro mais antigo do país. Os palestrantes internacionais irão abordar em suas aulas temas como a eletrofisiologia invasiva, arritmias, desordens cardiometabólicas, desafios da cardio-oncologia, cirurgia cardíaca, cardiologia intervencionista, cardiologia da mulher, aterosclerose, hipertensão, diabetes e muitos outros.
- Dan Zlotoff, do Massachusetts General Hospital, abordará no Brasil os desafios da cardio-oncologia. Ele ressalta a importância das vacinas para proteger também o coração
- A doença cardiovascular é ainda a mais prevalente e mata cerca de 18 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo. Para o cirurgião cardiovascular Faisal Bakaeen, da Cleveland Clinic, a única forma de vencer o desafio em reduzir as mortes é investir em conscientização das pessoas e qualificação constante dos médicos
- A diretora do Women’s Heart Center no Deborah Heart and Lung Center em Browns Mills, New Jersey, Renee Bullock-Palmer, ressalta a importância de os pacientes voltarem a cuidar de seus corações nesse momento da pandemia de Covid-19
- Especialista da Harvard Medical School, Tomas Neilan, abordará as terapias contra o câncer que podem afetar o coração
Serviço: 42º Congresso de Cardiologia da SOCESP
Data do evento: 16 a 18 de junho 2022
Local: Transamerica Expo Center, São Paulo/SP
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