Atividades serão realizadas em pontos estratégicos da cidade para dar visibilidade à ação que impulsionou o movimento da Reforma Psiquiátrica
Texto: Tatiana Ferreira – Foto: Dino Santos
Da Redação – Maio é o Mês da Luta Antimanicomial e a Prefeitura de Diadema, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, preparou série de atividades para enaltecer a data. As ações incluem rodas de conversa, caminhada e oficinas a serem realizadas nos diferentes territórios de abrangência dos CAPS para celebrar o movimento, que trava batalha contra a volta dos manicômios e dos tratamentos indignos e em isolamento como modelo assistencial para atendimento dos pacientes com sofrimento psíquico.
As ações propostas são resultado direto da articulação com outros serviços da rede intersetorial e desenvolvidas em parceria com entidades da sociedade civil que vêm dialogando com a Saúde Mental, principalmente a partir da realização da 1ª Conferência Municipal de Saúde Mental de Diadema, realizada no último dia 19 de abril deste ano.
“No dia 18 de maio celebramos as conquistas, mas, principalmente, defendemos o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Reforma Psiquiátrica Brasileira e lutamos pelos direitos das pessoas em sofrimento mental a receber cuidado de qualidade e em liberdade”, explicou a psicóloga Analdeci Moreira dos Santos, responsável pela Coordenação de Saúde Mental da SMS.
Histórico
O Dia Nacional de Luta Antimanicomial é celebrado em 18 de maio porque o movimento teve início em 18 de maio de 1987, com encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental em Bauru e a 1ª Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília.
A Luta Antimanicomial, que deu início à Reforma Psiquiátrica Brasileira, trouxe consigo os princípios da luta por Direitos Humanos, garantindo a autonomia e o cuidado em liberdade. É uma luta contemporânea à batalha por Reforma Sanitária e pela Democracia. A Lei 8.080/90 e a Lei 10.216/01 trouxeram as bases para a implantação de uma política de Saúde e de Saúde Mental baseada nos princípios da equidade, universalidade e integralidade do cuidado, reconhecendo os determinantes sociais do processo saúde-doença e garantindo o acesso e a qualidade dos serviços de modo integral e ofertando cuidado humanizado, que compreenda a singularidade do sujeito em suas necessidades.
A Reforma Psiquiátrica foi fundamental para consolidar a responsabilidade do Estado pela atenção à saúde psíquica da população e reformular o modelo assistencial ofertado as pessoas com transtornos mentais, retirando o paciente dos chamados “hospitais psiquiátricos (manicômios)” e incentivando a implantação de serviços substitutivos e também o tratamento em casa, mantendo os vínculos familiares e sociais, por meio da oferta de tratamento mais humanizado.
Segundo Analdeci Moreira dos Santos, assessora técnica da Saúde Mental da SMS, a Reforma Psiquiátrica Brasileira é uma política contra-hegemônica e sofre constantes ataques desde o princípio, notadamente aqueles praticados por grandes corporações que disputam o modo de cuidado a partir de uma lógica capitalista e patologizante da vida e da diversidade humana. “Entretanto, nos últimos anos, e no atual governo federal, esses ataques se tornaram ainda mais fortes e constantes. Esse contexto político e social, pede ações imediatas e visibilidade para nossas pautas”, afirmou Analdeci.
Dentro desse contexto, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) Diadema, município que conta com o Dia Municipal da Luta Antimanicomial (Lei Municipal nº 3.970/2020), também celebrada no dia 18 de maio, elaborou a programação abaixo para marcar o mês de maio como o Mês da Luta Antimanicomial.
Confira abaixo a programação do Mês da Luta Antimanicomial em Diadema
18 de maio, quarta-feira
No dia 18 de maio, quando se comemora o Dia Nacional e municipal da Luta Antimanicomial, as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os usuários e seus familiares participarão do ato nacional “Democracia antimanicomial: contra o fascismo em defesa do cuidado em liberdade e dos Direitos Humanos”, que acontecerá no vão livre do MASP. O evento começa às 12h, com apresentações artísticas e uma passeata até a praça do ciclista, que fica na própria Av. Paulista.
Local: Vão livre do Masp. Av. Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo.
· 25 de maio, quarta-feira.
13h30. Roda de conversa com o tema “Desafios atuais para a Saúde Mental e o território como estratégia de cuidado”, com convidada Patrícia Romano – Gerente do Caps III – Mauá; Mediação de Analdeci Moreira dos Santos – Coordenadora de Saúde Mental da SMS.
Local: Centro Cultural Vila Nogueira. Rua Marcos de Azevedo, 240 – Vila Nogueira.
· 26 de maio, quinta-feira
13h30. Concentração na Praça Matriz e deslocamento até a Câmara Municipal de Diadema (CMD).
14h. Tribuna Livre na CMD com falas dos usuários João Batista e André Torquato, que compõem o Fórum Popular de Saúde Mental de Diadema; e do trabalhador, Geovane Ferreira de Lima, do CAPS Infantojuvenil.
Local da concentração: Praça Matriz. Praça Padre Agostinho Bertoli, S/Nº – Centro.
Local das atividades: Câmara Municipal de Diadema. Av. Antônio Piranga, 474 – Centro.
· 27 de maio, sexta-feira.
13h30. Roda de conversa com o tema “Racismo faz mal à saúde mental”, com Márcia Damasceno e Juliana Rodrigues; Mediação de Elaine Aparecida Miguel.
15h30. Roda de Conversa com o tema “Questões psíquicas pós pandemia”, com Viviane Pereira e Geovane Lima; mediação de Daniel Ramos Caldas.
Além das rodas de conversa, haverá práticas integrativas em saúde, música, poesia, entre outras atividades.
Local: UBS Vila Paulina. Rua Afrânio Peixoto, 643 – Vila Paulina.
· 28 de maio, sábado.
8h – Entrevista à Rádio Imigrantes
Tema: Mês da Luta Antimanicomial: Impacto da Crise Sanitária decorrente da Pandemia da Covid-19 sobre a Saúde Mental e o Consumo de Álcool e outras drogas.
Entrevistada: Maria do Rosário da Costa Ferreira – Coordenadora do CAPS III Álcool e outras Drogas
· 31 de maio, terça-feira.
9h. Concentração no CAPS III Norte e caminhada com a oficina “Bate Lata” até o Centro Cultural Vladimir Herzog.
9h30. Apresentação de Dança Cigana.
10h. Roda de Conversa sobre “Luta Antimanicomial”, com Denise Miyamoto Apoiadora da Atenção Básica; Mediação de Analdeci Moreira dos Santos – Coordenadora de Saúde Mental da SMS.
Local da concentração: CAPS III Norte. Rua Capibaribe, 193 – Campanário.
Local das atividades: Centro Cultural Vladimir Herzog. Rua Eduardo de Matos, 159 – Campanário.
Atendimento
Diadema conta com uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) com 20 Unidades Básicas de Saúde (UBS) que possuem equipes de saúde mental, compostas por assistente social, fonoaudiólogo, psicólogo e psiquiatra, três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) tipo III, um CAPS Infantil e um CAPS Álcool e Drogas, atendimento no Pronto Socorro Central e enfermaria no Hospital Municipal, além de duas residências terapêuticas para pessoas egressas de hospitais psiquiátricos.
O usuário pode, primeiramente, procurar sua UBS de referência, que é a porta de entrada para a rede e onde ocorre o acolhimento mediante escuta qualificada e discussão do cuidado articulado em rede. Já os CAPS são porta aberta e funcionam de segunda a sexta, das 8h às 17h. Os endereços estão disponíveis em http://www.diadema.sp.gov.br/enderecos/325-contato/caps.
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