Polícia prende 26 torcedores envolvidos em atos de violência

Da Redação – A Polícia Civil desencadeou nesta sexta-feira (15) a operação Cartão Vermelho para cumprir mandados de busca e de prisão contra torcedores de futebol suspeitos de cometerem atos de violência. Até o momento, 26 pessoas foram capturadas. Além desse grupo, o presidente da Mancha Alviverde foi detido por desacato.

O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, destacou a importância de combater a violência gerada pela intolerância esportiva: “Estamos dando duas opções: ou as torcidas organizadas nos ajudam a identificar e prender os criminosos, ou ficam do lado do crime e, nesse caso, serão tratadas como organizações criminosas”.

A ação especial – que ainda está em andamento – começou na madrugada, pouco antes das 5 horas, de maneira simultânea, para que não fosse possível a fuga de suspeitos ou a destruição de provas contra os investigados. Mais de 200 policiais civis e 100 viaturas foram empregados. Equipes da Polícia Civil vistoriaram duas sedes da Mancha Alviverde, torcida organizada do Palmeiras, na Capital e em Santos. Dois grupos ligados ao Corinthians, a Gaviões da Fiel e a Pavilhão 9, também foram alvo de buscas.

Ao todo, a Justiça de São Paulo expediu 69 mandados, sendo 37 de prisão e 32 de busca e apreensão. As ordens judiciais foram cumpridas na Capital e em munícipios da Grande São Paulo, Campinas e Santos, além de Uberaba (MG), onde houve uma prisão.

Durante a realização da operação na sede da Mancha, em São Paulo, o presidente da torcida foi detido por desacato. Ele tentou impedir que algumas pessoas entrassem no pavilhão. Na delegacia, ele vai assinar um termo circunstanciado – feito em casos de menor potencial ofensivo – e será liberado.

Apreensões – O trabalho integrado dos departamentos de Homicídios (DHPP) e de Capturas (Decade) com as diretorias de Santos e Campinas possibilitou a apreensão de armas brancas nas sedes de algumas das torcidas. “Na Gaviões da Fiel, havia uma maleta para notebook com diversas facas, algumas delas com fita isolante enrolada no cabo, para que não ficassem impressas digitais. Na Mancha da Baixada, encontramos apetrechos de artefatos explosivos”, detalhou Moraes.

Cerca de R$ 62,7 mil foram apreendidos na sede da Gaviões. O dinheiro não tem origem nem destino comprovados. Segundo o secretário da Segurança, “um diretor disse que aquilo era a arrecadação que fizeram para a compra de ingressos que já haviam sido comprados anteriormente”.

A operação teve o apoio da Secretaria Estadual da Fazenda para verificar irregularidades financeiras das agremiações. O promotor Paulo Castilho, do Ministério Público (MP), destacou que essa operação é um “divisor de águas” no combate aos crimes em razão do esporte e enfatizou o bom trabalho coordenado pela SSP.

A polícia também apreendeu celulares dos suspeitos. “Nos aparelhos, foi possível verificar conversas entre torcedores nas quais eles demonstravam preocupação com a possível identificação deles por meio de imagens divulgadas pela televisão. Era uma confissão”, afirmou Alexandre de Moraes.

Agentes também aproveitaram a Cartão Vermelho para cumprir mandados de busca na casa de alguns membros da Independente, torcida do São Paulo, investigados por ofensas divulgadas em redes sociais. “Contudo, a investigação foi mais ampla com relação aos fatos do dia 3 de abril”, explicou a delegada Elisabete Sato, diretora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

Segundo ela, a investigação tomou forma a partir da morte de um homem, na zona leste de São Paulo, após uma briga em que corintianos e palmeirenses utilizaram pedaços de pau, pedras e rojões, antes do jogo. Na confusão, a vítima foi atingida por um disparo de arma de fogo. O caso ainda é apurado.

Falta de alvará – A sede da torcida Pavilhão 9, na zona oeste paulista, foi fechada por falta de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Na Gaviões da Fiel, onde também não há alvará de funcionamento, está sendo elaborado um laudo de vistoria para que o prédio seja emparedado. De acordo com o secretário Alexandre de Moraes, que acompanhou pessoalmente parte da operação, eram visíveis os problemas estruturais da sede alvinegra.