(*) Larissa Warnavin e (**) Nicole Witt – O Dia Mundial da Saúde é comemorado em 7 de abril. Essa data foi criada em 1948 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e todos os anos é proposta uma temática central. Neste ano, o tema é “Nosso planeta, nossa saúde”, enfatizando a imbricada relação entre saúde humana e meio ambiente.
A campanha da OPAS (Organização Panamericana de Saúde) para esse Dia Mundial da Saúde nos leva a refletir sobre esse tema: Somos capazes de reimaginar um mundo onde ar limpo, água e comida estejam disponíveis para todos? Onde as economias estão focadas na saúde e no bem-estar? Onde as cidades são habitáveis e as pessoas têm controle sobre sua saúde e a saúde do planeta?
As respostas não sabemos ao certo. Fato é que temos hoje muitas evidências dos impactos das mudanças climáticas e da complexidade que essas alterações promovem na sociedade e no ambiente. Estamos diante de um cenário que cabe à nossa geração modificar e melhorar para beneficiar a saúde como um todo.
Cada vez mais, a sociedade toma ciência de que os problemas de saúde estão diretamente relacionados à qualidade ambiental. Falar em saúde vai muito além de pensarmos o nosso organismo como indivíduo. Somos uma população de seres vivos que dependem da conscientização ambiental e ações para saúde planetária. Acompanhamos nos últimos anos os desdobramentos da pandemia da covid-19 como um exemplo sistêmico da inter-relação entre natureza e sociedade que tomou proporções globais.
De acordo com a OPAS, as mudanças climáticas são a maior ameaça à saúde global do século 21, tanto no que tange aos impactos diretos, como ondas de calor, secas, tempestades e elevação do nível do mar, como indiretos, doenças transmitidas por vetores e das vias aéreas, insegurança alimentar e hídrica, desnutrição e deslocamentos forçados. A organização pontua que as mudanças climáticas são um fato e não mais um cenário futuro e que, ao considerar alguns indicadores de saúde, nas próximas décadas, mais de 250 mil mortes por ano ocorrerão como resultado das mudanças no clima, seja estresse por calor, desnutrição ou doenças infecciosas transmitidas por vetores, como a dengue e a malária.
Assim, ao considerarmos os impactos diretos das mudanças climáticas na saúde, vale destacar o estresse por calor, o agravamento de problemas cardiorrespiratórios e renais, bem como as perdas de saúde causadas por desastres ambientais. A OPAS ainda pontua que as populações indígenas e tradicionais irão sofrer mais com as mudanças. Como impactos indiretos por meio de sistemas naturais, teremos maior incidência de doenças respiratórias e alérgicas e aumento de mortes por doenças cardiovasculares devido à inalação de material tóxico particulado presente na atmosfera.
Estamos diante de um momento histórico, no qual já sentimos os efeitos dos altos níveis de concentração de gases de efeito estufa, da perda da biodiversidade e do extrativismo não regulamentado. Deixamos a narrativa de cuidar do ambiente para as gerações futuras, pois nós já somos a geração que está sofrendo com as consequências do modo de produção industrial e desigual vigente no planeta.
* Larissa Warnavin é doutora em Geografia. Docente da área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter
** Nicole Witt é bióloga e especialista em Educação, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Docente da área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter.
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