Baianas da Vai-Vai são convidadas de roda de conversa no Teatro do Incêndio

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Da Redação – O Teatro do Incêndio realiza, no dia 30 de janeiro (domingo, a partir das 14h) a quarta Roda de Conversa com mestres da cultura popular, ligados ao carnaval e à construção da identidade cultural do bairro paulistano Bixiga. Aberto à comunidade, o evento acontece ao ar livre, na Rua 13 de Maio, nº 48, em frente à sede do teatro.

O tema do encontro é Baianas”, tendo Eloa Pimenta, Sandra Fátima Ferreira da Silva e Anália R. da Silva como convidadas, todas integrantes da Ala das Baianas da Vai-Vai, tradicional escola de samba da Bela Vista. Mestre Thiago – ritmista e diretor de bateria com longa trajetória no carnaval de São Paulo e Rio de Janeiro – faz a mediação do bate-papo.

Esta Roda de Conversa, “Baianas”, integra uma série de sete eventos mensais que fazem parte do projeto Sou Encruzilhada, Sou Porta de Entrada. Sou Correnteza da Vida, Esquina Cortada: Ave Bixiga! – contemplado pela 36ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura. O propósito final desta atual jornada do Teatro do Incêndio é a montagem de seu novo espetáculo.

Eloa Pimenta – 81 anos – é baiana da Vai-Vai, há 60 anos. Escritora por hobby e enfermeira de formação, teve um rufar de bateria em sua formatura promovida pelo Mestre Feijoada. Devido à formação acadêmica, foi convidada a ministrar palestra no CEDO – Centro Educacional Dom Orione – Paróquia Nossa Senhora Achiropita. Eloa é sobrinha de Henrique Felipe da Costa (Henricão), um dos fundadores do Grêmio Recreativo, Cultural e Social Escola de Samba Vai-Vai, e conhecedora das histórias da agremiação, com a qual registra vivência desde os tempos dos desfiles na Rua São João, passando pela Avenida Tiradentes, até a passarela do samba no Complexo Anhembi.

Sandra Fátima Ferreira da Silva -65 anos – é formada em Direito, trabalha como oficial de justiça e, há 20 anos, integra a Escola de Samba Vai-Vai. Iniciou os trabalhos na agremiação como integrante Baiana, passou à função de secretária e, atualmente, é coordenadora da Ala das Baianas da Escola.

Anália R. Da Silva – 40 anos – é economista e advogada. Está há quatro anos como Baiana na Escola de Samba Vai-Vai, realizando um sonho que cultiva desde a sua infância: “Enquanto as meninas da minha época sonhavam em ser passistas, eu sonhava em ser Baiana”, relembra Anália. Antes, porém, desfilou na Imperador do Ipiranga em Ala Coreografada.

Thiago Ferreira Praxedes – Mestre Thiago iniciou sua trajetória no samba ainda criança, quando a Unidos do Peruche realizava, na terça de carnaval, o desfile na Rua Zilda para quem não conseguia ir à avenida poder se fantasiar e brincar o carnaval. Como ritmista, desfilou pela Barroca Zona Sul, Peruche, Leandro de Itaquera, Mocidade Alegre e Vai-Vai. Participou dos blocos Flor de Liz, Me Engana que Eu Gosto, Caprichosos da Zona Sul e Torcida Jovem. No Rio de Janeiro, desfilou pelo Império Serrano, Portela e Mangueira como ritmista e Vila Isabel como folião. Fundador do GRES Quilombo, escola que desfila antes dos desfiles oficiais, da qual foi presidente e mestre de bateria e hoje cuida da parte cultural da entidade. Na Barroca, foi o mais jovem diretor de bateria da história a entrar no sambódromo, aos 21 anos. Na ocasião foi elogiado por Leci Brandão pela postura e disciplina. Foi também diretor da Imperador do Ipiranga com Mestre Dentinho (2009 e 2010).

Ave, Bixiga!

Iniciado em abril de 2021, o projeto Sou Encruzilhada, Sou Porta de Entrada. Sou Correnteza da Vida, Esquina Cortada: Ave Bixiga! engloba vivência artística para jovens, residência artística para coletivos teatrais, teatro para crianças e adolescentes (Sol-te) e rodas de conversa. Sua principal atividade é a montagem de um espetáculo sobre o Bixiga, que resultará de treinamento e pesquisa dramatúrgica, explorando a prática criativa do grupo, cuja estreia será em 2022. “A estética fica gasta. A linguagem de um grupo também precisa ser questionada constantemente. Assim, nos propusemos o desafio de nos reaprender”, diz Marcelo Marcus Fonseca, diretor e fundador do Teatro do Incêndio. “Na verdade será um espetáculo feito com o Bixiga e não sobre ele”, completa. Desde o início do projeto, o elenco vem participando de aulas de ritmo, trabalhando na formação de uma pequena e simbólica bateria de escola de samba para compor as sonoridades cênicas do espetáculo.

As Rodas de Conversa compreendem vidas que se manifestam no carnaval, artistas de tradição cujas histórias servem de estímulo em parte importante da dramaturgia e referencial para a atuação no novo espetáculo da companhia. A presença de mestres de velha guarda e de outros componentes de escolas de samba têm como valor agregador não somente histórias da cultura popular, mas principalmente a vida subterrânea que sustenta as manifestações. Entre os convidados estão expoentes vivos do samba paulista, “pastoras” da velha guarda, compositores, responsáveis por alas, trabalhadoras e trabalhadores da harmonia, porta-bandeira e mestre-sala, passistas e ritmistas.

Os encontros funcionam como resistência cultural popular ao confrontar o ontem e o hoje, o Brasil, o bairro e a cidade. Busca debater e orientar o processo, como fluxo e refluxo, sobre a cultura e sabedoria popular, diante da transformação social e habitacional. “Como toda ação de diálogo proposta pelo grupo, esses encontros sobre a riqueza inesgotável da raiz, da cultura e da vida brasileira continuam na trilha da discussão sobre identidade e tensão de um povo em constante construção. Desta vez afunilando o tema para carnaval, cortejos, desfiles e variações do samba”, afirma Marcelo Marcus Fonseca.

Serviço – Roda de Conversa: Baianas. Projeto:Sou Encruzilhada, Sou Porta de Entrada. Sou Correnteza da Vida, Esquina Cortada: Ave Bixiga! Mediação: Mestre Thiago. Convidadas: Eloa PimentaSandra Fátima Ferreira da Silva e Anália R. da Silva. Data: 30 de janeiro. Domingo, a partir das 14h, no Teatro do Incêndio (Rua 13 de Maio, 48 – Bela Vista / Bixiga. São Paulo/SP.) Gratuito. Livre. Evento ao ar livre.

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