Marco Bravo e Diego Fortes estreiam o monólogo 23 de setembro

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Com linguagem intertextual, peça dirigida e interpretada por Marco Bravo, com texto do Prêmio Shell Diego Fortes, reúne fragmentos de livros, um poema, bula de remédio, carta, diálogos e notícias, algumas fictícias, outras reais. Foi encenada e gravada no Espaço Cultural Brica Braque, de Priscila Prade.

Da Redação – 23 de setembro. Estamos na mente de Maria Elena. Este é o dia do equinócio da primavera no Hemisfério Sul e do Outono no Hemisfério Norte. É a partir desta data do ano que a personagem, uma enfermeira, construirá sua tramaatravés de uma série de acontecimentos surpreendentes. Ela foi marcada por esta data. Maria Elena perdeu seu irmão em 23 de setembro de 1971. Martin desapareceu em Santiago, Chile, onde moravam na época. Lá também, de forma misteriosa, morreu, em 23 de setembro de 1973, Pablo Neruda. Qual será a ligação entre Maria Elena e o grande poeta chileno?

A partir de notícias de jornal, documentos jurídicos, cartas ficcionais, diálogos e citações, toda a história delicada de Maria Elena vai se desnudando para o espectador, principalmente sua relação com o pai. Um choque terrível de realidade. Esta é a história central do monólogo 23 de Setembro, texto de Diego Fortes, escrito por meio de bolsa de pesquisa recebia pelo autor em 2012, pela Fundação Cultural de Curitiba, com orientação da escritora Luci Collin. Diretor do grupo curitibano A Armadilha Cia de Teatro, Fortes ganhou o Prêmio Shell de Melhor Autor em 2017 por O
Grande Sucesso, com Alexandre Nero.

Gravado no Espaço Brica Braque e com transmissão gratuita e online pelo Sympla nos dias 19 e 20 de junho, em duas sessões, às 20 e 22 horas, a peça tem participação de Giselle Itié (em off), direção musical de Dugg Mont, iluminação de Cesar Pivetti, projeção em vídeo de Rafael Drodro, produção e fotografia de Priscila Prade, figurino de Karen Brusttolin e realização de Brica Braque Produções Culturais. A direção e interpretação do espetáculo estão por conta de Marco Bravo, ator, diretor e músico com carreira no cinema, na tv e no teatro, álbum lançado em todas as plataformas com sua banda Bravo & a Kitanda. Atualmente é assistente de direção na Rede Globo, é
o Maurício na série Unidade Básica, no episódio “Maurício e Lena” (Globoplay); Ramires, na série Colônia, de André Ristum, (em junho no Canal Brasil e Globoplay); Delegado Otávio no filme A Jaula, de João Wainer (em breve nos cinemas e Disney); compõe o elenco de “Molière”, espetáculo dirigido por Diego Fortes, com Matheus Nachtergaele e Renato Borghi, dando vida ao ator Baron.

Dança, música e vídeo

Além de dirigir e interpretar a protagonista, Marco Bravo se desdobra nos papeis dos amigos, vizinhos e o pai de Maria Elena. Em paralelo, há a história do boxeador Rocky Marciano (por causa da relação de Maria Elena com o pai), a descoberta do Planeta Netuno e a bula do medicamento Dipirona. Tudo regado por receita de Pisco Sour. O que parece inicialmente um novelo interminável para o espectador no fim se revela uma história chocante e emocionante, daquelas de tirar o fôlego, e principalmente, de muito fácil absorção.

De uma imagem no telão com recortes jornalísticos da data em questão, a montagem, direciona os olhos do público para o ator, que explica do que se trata. Com jogo de luz, antes do salto para trechos do texto narrados ao
microfone, surge Maria Elena. Uma poesia escrita pela personagem é lida. A encenação conta com dança, música e projeção audiovisual no fundo do palco. Marco Bravo gosta do desafio de atuar e dirigir simultaneamente. Sente-se
livre dentro do que ele próprio criou. “Isso não tem preço. Virar a chavinha é o mais difícil. Saber se livrar de cada função na hora certa e, principalmente, não ficar dirigindo na hora de atuar’, diz, explicando que a trama se passa na cabeça de Maria Elena. O ator está em cena, para abrir os pensamentos dela, trazendo o público para este mergulho. “Quis deixar clara a desconstrução. Como nossas mentes, fragmentadas, cheias de vida.”

Diferente de uma peça convencional, onde a história é contada por meio de uma série de cenas formadas por diálogos, a história de 23 de Setembro reúne textos de natureza diferentes, como letras de um cartaz, fragmentos de
livros, um poema, bula de remédio, carta, diálogos e notícias – algumas fictícias, outras reais. “Maria Elena não existe. Não sei o nome da enfermeira que atendeu Neruda, o próprio motorista do Neruda, ao dar uma declaração no hospital, disse ter falado com uma enfermeira cujo nome não se lembrava. Foi aí que tive o start de pensar que ela seria a protagonista.”

Sinopse curta – O dia 23 de Setembro marca eventos cruciais na vida da enfermeira Maria Elena. Através de fragmentos de textos (notícias, bulas, receitas, poemas, etc.), criamos um mosaico sobre os acontecimentos no Chile na década de 70 sob o seu ponto de vista.

Serviço – Espetáculo – 23 de Setembro – Dias 19 e 20 de junho em duas sessões – às 20h e às 22. Ingressos pelo Sympla. Gratuito. Pode ser feita doação de qualquer valor para “Evoé Livro”, como ingresso solidário

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