* Paulo Siqueira – Além do sofrimento e temeridades relativas à saúde das pessoas, a Pandemia tem provocado, nos últimos 12 meses, rupturas e incertezas que se multiplicam e contagiam vários setores produtivos. Assim ocorre na Indústria Automotiva, a partir das vendas de veículos no mês de Fevereiro, onde se observam os resultados que retratam comportamentos atípicos do mercado.
Tais atipicidades decorrem de fatores como: o momento em que a segunda onda de contágio atingiu cada Estado, o grau de restrições e de isolamento adotados pela administração pública ou, ainda, a forma como o período de carnaval influenciou na quantidade de dias úteis em cada cidade.
Dentro deste contexto, os números de fevereiro, assim como os dos últimos doze meses, têm limitado significado para a análise de desempenho comparativo entre marcas, regiões e períodos mensais anteriores, dada a extensa ponderação necessária de ser feita para o correto entendimento dos dados coletados.
Afinal, não há como estabelecer parâmetros de avaliação de desempenho e tendências com base em dados onde, por exemplo, o Estado do Rio de Janeiro apresente um registro de emplacamentos de 10 mil veículos em dezembro, eleve para 27 mil em Janeiro, retornando, em fevereiro, ao patamar de 10 mil unidades. Ou ainda, como no caso do RS, no acumulado de dois meses em 2020, termos emplacado seis vezes mais veículos do que São Paulo.
Tais incongruências, fazem com que, no atual cenário de crise, sejam mais importantes, como indicadores de avaliação e tendências de mercado, fatores associados à intensidade de contágio da Pandemia e o consequente grau de restrições à abertura das Concessionárias. Além dos problemas de falta de componentes que acarretam atrasos ou paralisação das linhas de montagem.
Em analogia, os dados alarmantes do mês de fevereiro sinalizam que o mercado nacional de veículos já se encontra em Bandeira Vermelha. Tudo em função da intensidade da segunda onda de contágio que levou vários estados a decretar toque de recolher e fechamento de todas as atividades não essenciais. Concorrem, ainda, as recorrentes faltas de componentes nas montadoras, gerando atrasos de produção nas linhas de montagem, causando dias de paralisação nas unidades da General Motors em Gravataí e na Honda em Sumaré.
Segundo dados apurados pela Fenabrave/ Sincodiv-RS, os emplacamentos de fevereiro, no RS, quando comparados a janeiro, tiveram números menos negativos do que os registrados no mercado nacional. Menos 1,73% no RS, frente a uma queda de 11,68% no país. São destaques positivos para este melhor desempenho, o crescimento de 6,38% nas vendas de automóveis e 22,59% no volume de caminhões comercializados.
Diante dos resultados de Fevereiro, além do cenário vivenciado neste início de março, o mercado de veículos se encontra em Bandeira Vermelha, com fortes perspectivas de enfrentarmos períodos de Bandeira Preta nos próximos 60 dias. Os motivos se apoiam no agravamento da Pandemia, no término do saldo de estoques de veículos Ford, e na paralisação em Março, por trinta dias, da produção de automóveis em Gravataí. Sendo, este último fato, gerador de excepcional impacto negativo. Tanto em relação ao mercado, considerando que nesta unidade se produz o ix, modelo com uma participação de 8% nas vendas nacionais, quanto em relação as perdas para a economia do Rio Grande do Sul. Haja vista, que, esta paralisação, se estende aos fornecedores e prestadores de serviços gaúchos da GM.
* Paulo Siqueira é presidente Fenabrave/ Sincodiv-RS
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