* Caio Bruno – Com eleitorado restrito, as eleições para o comando das casas legislativas têm como característica principal os bastidores e acordos entre os próprios parlamentares e não despertam a curiosidade de grande parte da população ganhando assim ares de resolução interna.
Vez em quando ocorrem exceções como em casos em que o presidente do Legislativo ganha visibilidade e perspectiva de poder ou em disputas acirradas entre governo e oposição. Este último exemplo é o que acontece recentemente na eleição da nova Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, que será realizada no próximo dia 1º. de fevereiro.
Sendo o terceiro na linha sucessória, com poderes unilaterais como definir a pauta da Casa e aceitar ou não pedidos de impeachment do presidente da República, a disputa pela sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) motiva o acompanhamento e a análise da imprensa e de parte da sociedade.
Enquanto que no Senado, se caminha para a eleição de Rodrigo Pacheco (DEM), na Câmara o duelo se mostra acirrado entre o candidato de Jair Bolsonaro Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) apoiado por diversas siglas que vão do PT ao DEM e validado pelo atual presidente da Casa.
Lira faz sua campanha de modo tradicional, voltada essencialmente aos seus eleitores acenando com espaços, cargos, acordos e plataformas, Rossi por sua vez, sem a máquina federal na mão, resolveu sair dos gabinetes e fazer forte trabalho de comunicação junto à opinião pública.
Participa de entrevistas e suas redes sociais são personalizadas com material de campanha e discurso de candidatura em defesa da Democracia e de uma Frente Ampla partidária. O leitor pode se questionar qual a eficácia dessa estratégia uma vez que essa disputa será decidida apenas por 513 eleitores.
A resposta é simples: gerar boa impressão na sociedade já visando as próximas eleições e criar um sentimento de aceitação popular que motive pressão nos parlamentares dispostos a votar em seu adversário.
Hoje, a poucos dias da decisão, Arthur Lira é o favorito, mas eleição do Congresso é com voto secreto, o que motiva a traição. Tudo pode acontecer e só temos uma certeza: o Centrão mais uma vez sairá vitorioso, assim como no pleito municipal de 2022.
* Caio Bruno é jornalista e especialista em Marketing Político. Acesse: www.caiobruno.com.br
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