Sesc Av. Paulista recebe estreia de produções binacionais de dança

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Da Redação – O que oferece uma dança que se incarna pelo olho? Como dançar aquilo que o olho não retém, que a boca não pronuncia e que no resto do corpo fica invisível? Esses são os pontos de partida da coreografia de “O Olho, a Boca e Resto”, espetáculo de dança que estreia no Brasil em curtíssima temporada no Sesc Avenida Paulista.

De 18 a 21 de outubro, Volmir Cordeiro, coreógrafo brasileiro radicado na França, ao lado dos bailarinos Calixto Neto, Isabela Santana e Marcela Santander Corvalán, apresentam o espetáculo que tem apoio do Instituto Francês do Brasil.

A coreografia imprime a ideia do olho como elo entre o que está restrito em nossa mente e o que se passa ao nosso redor, como nos atentamos ao movimento e ao rastro de luz que seguimos por meio da visão, a contemplação e os sentidos.

Além de “O Olho, a Boca e o Resto”, Volmir Cordeiro traz para o Brasil, entre 01 e 04 de novembro, o espetáculo “Época”, também inédito no país. O trabalho, concebido e interpretado em parceria com a chilena Marcela Santander Corvalán, traz um estudo feito a partir de descrições de danças criadas por mulheres artistas do século XX, sobre as quais Volmir e Marcela criaram suas partituras coreográficas.

O OLHO, A BOCA E O RESTO

O rosto é um mapa espacial, temporal, carnal, onde o olho, a boca (e o resto) são os orifícios por onde o real, os signos, as imagens e as forças entram e saem. Eles negociam as relações entre o dentro e o fora, jogando com fragmentos de identidades e múltiplos registros de expressão. O olho é um elemento de intersecção entre o que nos circunda e o que está intrínseco.

No instante em que os olhos se fecham eles se abrem para as possibilidades do pensar, no eco do mundo externo, e quando retornam à luz da realidade se deparam com a paisagem que nos rodeia, vibram com o que se movimenta e pairam sobre o que merece ser contemplado. O trabalho do coreógrafo Volmir Cordeiro vislumbra as possibilidades dessas conexões fisiológicas, cognitivas e afetivas, e transforma em movimento.

“Para esta criação, o olho é um meio de investigar o que é interior, latente, pré-humano, tátil, animal, cogitativo, escuro e intenso. Quero dançar um olho em busca, que procure o que é invisível, profundo, oculto e misterioso no mundo; essa grande massa eu chamo de “o que resta”, aquela coisa sem nome, invisível, subterrânea, perdida e intocável, que nos faz fechar os olhos e soltar um grito interno, depois abri-los para ver o que não nos atrevemos a olhar”, define o brasileiro radicado na França, doutorando em dança pela Universidade Paris 8.

ÉPOCA

Época é um estudo pontuado por danças nas quais o poder de gestos disformes foi abordado por mulheres artistas do século XX. Volmir Cordeiro e Marcela Santander Corvalán começaram lendo descrições dessas danças, e recusando o acesso à filmes, vídeos e fotografias, transformaram livremente as descrições em texto em partituras para danças curtas.

Época designa assim uma categoria qualitativa e não cronológica, na qual elementos de interpretação são postos em jogo para ativar uma história íntima e viva, quem sabe perdida ou esquecida no passado simbólico dos nossos percursos como artistas.

A dança é aqui tomada como um meio bruto e direto de visitar e avivar um arquivo que não para de procurar nos nossos presentes suas vitalidades insistentes. Época investiga a magia do enigma, do mistério, da força do instante e da sua renovação assídua como fundamento do movimento performado.

“Feitas de êxtase, de prazer, de gozo, de subversão, de lascívia, de susto, de extravagancia e de alegria, as danças as quais nós nos apegamos requerem uma intensa capacidade em passar de um humor a outro e a inventar imaginários insolentes” – explica o diretor.

Época é constituída das seguintes danças: A subversão de 1920, O susto de 1929, A extravagancia de 1926, O mistério de 1996, A conquista de 2001, A vertigem de 1968, A dominação (data desconhecida), A euforia de 1925, A crença de 1965, A ressureição de 1973, O vício de 1922, A lascívia de 1917, O gozo de 1927 e O êxtase de 1920, O transbordamento de 2015.

VOLMIR CORDEIRO

Nascido em 1987 no Brasil, doutorando em dança pela Universidade Paris 8 (France), Volmir Cordeiro se formou em teatro e trabalhou com os coreógrafos brasileiros Alejandro Ahmed, Cristina Moura e Lia Rodrigues. Em 2011 muda para a França para realizar estudos coreográficos no Mestrado Essais – Centre National de Danse Contemporaine d’Angers (direção Emmanuelle Huynh). Artista-pesquisador, trabalhou como intérprete com os coreógrafos Alejandro Ahmed, Lia Rodrigues, Cristina Moura, Xavier Le Roy, Laurent Pichaud & Rémy Héritier, Emmanuelle Huynh, Jocelyn Cottencin et Vera Mantero. A partir de 2012 começa a realizar seus próprios projetos como coreógrafo, apresentando suas peças em diversos festivais internacionais. Volmir Cordeiro foi artista associado durante o ano de 2015 na Ménagerie de Verre, em Paris, e a partir de 2017 é artista associado ao Centre National de la Danse (CND) à Pantin. Ensina regularmente em escolas de formação coreográfica como no Mestrado Exerce – Montpellier, França e Mestrado Drama – Gent, Bélgica.

ISABELA SANTANA

Nascida no Brasil, Isabela teve estudos iniciais em teatro e performance. Ganhou o prêmio de dança Klauss Vianna da Fundação Nacional de Arte Brasileira por sua criação “Imanência – contraste com uma realidade externa”. Estudou também o programa intensivo de formação de acompanhamento no Centro de Circulação de Lisboa (CEM) e atualmente a conclui o Mestrado Exerce em estudos coreográficos – investigação e performance no ICI-CCN Montpellier / Languedoc-Roussillon e na Universidade Paul Valery.

 

MARCELA SANTANDER CORVALÁN

Nascida no Chile, formou-se em dança-teatro na Escola de Artes Dramáticas Paolo Grassi, em Milão, e depois em dança contemporânea no Centro Nacional de Dança Contemporânea (CNDC), em Angers, sob a direção de Emmanuelle Huynh. Estudou história na Universidade de Trento, na Itália, e dança na Universidade Paris 8. Desde 2011 trabalha com os coreógrafos Dominique Brun (Sacre # 197 e Sacre # 2) e Faustin Linyekula (Stronghold). Colaborou com o coreógrafo Mickaël Phelippeau nas suas obras “Chorus”, “Set-Up”, “Kritt” e “Footballeuses” e na direção artística do festival “À Domicile”. Em setembro de 2014, ela criou seu primeiro projeto, “Something around the sound”, em colaboração com Clarisse Chanel. Foi artista associada do Le Quartz Scène Brest nacional desde 2014, onde criou o pas-de-deux “Epoque” com Volmir Cordeiro em 2015, e o solo “Disparue”, em 2016.

 

CALIXTO NETO

Nascido no Brasil em 1981, estudou teatro na Universidade Nacional de Pernambuco. Ele começou a dançar aos 20 anos, quando foi convidado para participar do Grupo Experimental de Dança (Recife, PE). Performou na companhia de Lia Rodrigues entre 2007 e 2013 e entre 2013 e 2015 fez o mestrado em coreografia na CCN, Montpellier / Languedoc Roussillon, onde criou o trabalho solo “Petites Explosions” e o pas-de-deux “Pipoca”, com Bruno Freire. Atualmente, mantem seu trabalho com Bruno Freire e atua em “7 Pleasures”, da coreógrafa dinamarquesa Mette Ingvartsen, além de colaborar na criação coletiva de “And we are not at the same place” (com Aria Boumpaki, Noga Golan e Pauline Brun), para Athens and Epidaurus Festival.

Serviço – O OLHO, A BOCA E O RESTO, coreografia de Volmir Cordeiro, de 18 a 21 de Outubro de 2018. Horários: 20h30 (de quinta a sábado) e 17h30 (domingo), na Praça – Térreo (60 lugares) Ingressos: R$ 20,00 (inteira); R$ 10,00 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência); R$ 6,00 (credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). Duração: 75 minutos Classificação etária: 16 anos

ÉPOCA – Coreografia de Volmir Cordeiro, de 1 a 04 de Novembro de 2018. Horários: 20h30 (de quinta e sábado) e 17h30 (domingo e feriado), na Local: Praça – Térreo (60 lugares). Ingressos: R$ 20,00 (inteira); R$ 10,00 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência); R$ 6,00 (credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). Duração: 50 minutos Classificação etária: 16 anos.

Ambas, no Sesc Avenida Paulista,, 119, na Bela Vista, em São Paulo. Fone: (11) 3170-0800

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