Editorial – 25 de julho: Dia do Escritor

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Nesta segunda-feira, 25 de julho, se comemorou o Dia do Escritor. Uma missão que, muitas vezes, não confere ao artífice das palavras todo os valores, conceitos e dedicação empenhados, seja para a produção de um livro, um documentário, uma novela ou mesmo artigos pontuais e/ou ocasionais.

Quem não escreve, não imagina o trabalho minucioso, detalhista, que é escrever. A escrita requer sensibilidade, visão crítica do mundo, integração com as grandes aspirações da humanidade; o escritor com sua visão realista da sociedade, cria sua obra de arte baseada num fato real, a ficção não existiria se não houvesse a realidade.

Há uma população de personagens no mundo criado por autores, escritores de todas as épocas, de todas as sociedades. Muitos poetas celebrizaram suas musas, quem fala do humanista Petrarca, criador do soneto, fala de sua musa Laura, quem fala de Dante, autor da Divina Comédia, fala de Beatriz, seu grande amor, quem fala de Camões, fala da Dinamene que morre num naufrágio no rio Mekong, quem não se lembra do famoso soneto:

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Os escritores vão criando suas personagens, elas adquirem vida própria, ganham o mundo e os professores, profissionais de humanidade falam das personagens dando-lhes características como se elas realmente tivessem existido.

É muito difícil um professor de literatura ao abordar o romantismo, não ter falado da personagem Iracema, da obra de José de Alencar, a virgem dos lábios de mel, seus lábios mais doces que o favo da jati, cabelos mais negros que as asas da graúna. Ao falar do realismo, ganharam vida personagens como Luísa da obra O Primo Basílio de Eça de Queirós. Luísa descrita como frívola, fútil, vítima de suas próprias fantasias. E mesmo a tão discutida Capitu da obra Dom Casmurro de Machado de Assis, com seus olhos oblíquos de cigana, olhos de ressaca, há uma discussão eterna sobre a traição ou não de Capitu.

No Modernismo, aparecem outras tantas personagens, Macunaíma da obra homônima, o herói sem nenhum caráter, obra surrealista de Mário de Andrade, Sinha Vitória, de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, mulher de pés gretados, maltratada, sofrendo as agruras da seca em companhia de Fabiano, dos filhos mais velho e mais novo; Macabea de hora de Estrela de Clarice Lispector, Macabea a nordestina miserável, jogada na sociedade do Rio de Janeiro, vítima de sua própria ignorância; os meninos abandonados estão em Capitães da Areia de Jorge Amado, vivendo num submundo no trapiche armazém abandonado no porto da Bahia, o drama da delinquência do descaso e do abandono dos meninos, no neomodernismo encontramos o jagunço Riobaldo da obra Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa fazendo pacto com o diabo para derrotar o Hermógenes, Riobaldo faz a reflexão ‘o sertão é o mundo’, “mestre de repente é que aprende”, as personagens vão povoando o mundo de leitores, que vão aumentando suas realidades, vão multiplicando explicações de diferentes formas de entendimento.

O escritor é um profissional com uma importância imensa no desenvolvimento intelectual de sua sociedade. Por isso, a obra de arte, o romance, a poesia, a peça de teatro, a crônica e o conto têm uma importância fundamental no crescimento intelectual de um indivíduo.

Em qualquer sociedade desenvolvida, o escritor é profissional respeitado, formador de opinião, é ele que provoca o debate sobre as mais variadas questões sociais desde a sociologia, economia, política, antropologia, psicologia, comunicação, criação e até a arte de escrever corretamente, sem se esquecer do conteúdo da obra.

No Congresso dos Escritores Brasileiros de 1968, a União Brasileira dos Escritores determinou que o dia 25 de julho fosse dedicado ao Escritor, mais do que merecido por tudo que os escritores proporcionam aos leitores de todo o mundo.

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