Da Redação – Como o próprio nome sugere, o serviço Reencontro, da Fundação Criança de São Bernardo do Campo, tem ajudado famílias a resgatar crianças e adolescentes desaparecidos na cidade e a reforçar os vínculos familiares. Criado em 2005, foi reorganizado com o objetivo de mostrar um quadro mais próximo da realidade em relação ao que de fato ocorre.
Conforme explica a coordenadora do programa, Ângela Letícia, até recentemente a coleta de informações era via levantamento de Boletins de Ocorrência (BOs) nas delegacias, situação que nem sempre refletia um cenário autêntico. “Como eram usados os boletins como referência, as estatísticas mostravam números acima da realidade. A média chegava a 100, 200 boletins por mês. O fato é que na maioria das vezes esses jovens ficavam apenas alguns dias fora de casa e depois retornavam. Só que não comunicavam os pais ou responsáveis para onde iam. Os pais faziam o registro do desaparecimento na delegacia, mas, quando o filho retornava, nem sempre se dava baixa nas delegacias.”
Segundo a coordenadora, com a reorganização, o apontamento agora é feito de outra forma: com base na procura espontânea do serviço por parte das famílias, por comunicados e encaminhamentos feitos pela rede de assistência do município (Conselho Tutelar, Promotoria da Infância e Juventude e Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania) e pela equipe de abordagem, que conta com cinco educadores sociais que percorrem as ruas (de segunda a sexta das 8h às 17h30 e em plantões noturnos) da cidade.
“Com essa nova metodologia, agora temos em média quatro casos por mês (de crianças e adolescentes da cidade que ficam alguns dias fora de casa e depois retornam ao lar ou que são de outros municípios). Nesse primeiro semestre foram 12 casos. Antes os números pareciam bem maiores porque, como eu disse, além de nem sempre se dar baixa quando o jovem voltava para casa, também havia muita reincidência”, aponta Ângela Letícia.
Em meio aos casos, há também o de crianças com problemas mentais, que acabam saindo de casa em momentos de distração dos pais e não sabem voltar. “Há algum tempo, encontramos, perambulando pela cidade, uma autista de Sapopemba (zona leste da Capital) que veio parar aqui. Mas logo identificamos a família e ela voltou para casa. Nesses casos, a pessoa fica no Serviço de Acolhimento da Fundação até encontrarmos a família)”, lembra a coordenadora.
Ao procurarem o serviço de localização dos jovens, os pais devem levar fotos do filho, dar detalhes de como estavam vestidos, passar informações sobre vínculos de amizades nas redes sociais, locais que costumam frequentar e se possuem telefone celular. A partir dessas informações, é iniciado o trabalho de busca e divulgação das fotos impressas em panfletos e nas mídias sociais.
De acordo com Ângela Letícia, em cerca de 90% dos casos a criança sai de casa por conta de conflitos familiares, seja por desentendimento com os pais, por agressões físicas e psicológicas e até por abuso sexual.
Auxílio – A Fundação Criança conta com equipe técnica multidisciplinar formada por psicólogos, pedagogos e arte educadores para ajudar na solução dos conflitos. O trabalho é feito por meio de reuniões e atividades que envolvam pais e filhos, tais como oficinas de arte e recreativas.Nos casos de crianças que vivem nas ruas, as equipe de abordagem levantam as informações sobre suas famílias junto a outros menores.
O serviço Reencontro é desenvolvido em parceria com a Polícia Civil e com o programa ‘Caminho de Volta’, da Universidade de São Paulo (USP). Nos casos emblemáticos (crianças que estão de fato perdidas na cidade), em que há dificuldade de se localizar os pais, é coletada amostra de sangue para exame de DNA. Em seguida os dados são confrontados em um banco de dados, que reúne informações genéticas de pais que também fizeram o exame quando do registro do desaparecimento do filho.
Serviço – A unidade da Fundação Criança que atende casos de crianças desaparecidas fica na Rua Santa Filomena, 802, Centro. Informações pelos telefones 4121-7513 ou 4122-5162.
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