Editorial: Corrupção: herança maldita! Até quando?

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Um mal terrível devora o país. Desde a chegada da comitiva do 1° governador geral Tomé de Souza, aqui, na nossa terra, o Brasil começa a ser dilapidado. É uma terra abençoada pela natureza, com riquezas imensas que atraíram governos de toda Europa, mas, todos só pensando nas riquezas da terra, todos pensando em tirar da terra suas riquezas.

A preocupação dos europeus era somente com os produtos da colônia, com o lucro. Quem vinha para cá, tinha um objetivo, extrair riquezas e voltar o quanto antes para a Europa. Ninguém, durante séculos, pensou em fazer algum benefício para a colônia, só se pensava em extrair suas riquezas.

Em 1650, foi encontrado em Amsterdam o livro ‘A arte de Furtar’, segundo alguns, de autoria do Padre Vieira, em que o autor narra a gatunagem ou melhor a rapinagem de pessoas que recebiam dinheiro da metrópole (Lisboa) para investir na colônia, porém esse dinheiro, por séculos, jamais chegou ao destinatário.

Século XVIII, ciclo da mineração, nosso ouro foi levado para Portugal, para financiar os custos da coroa, pouco se investiu na colônia, com administrações ruins durante séculos, foi-se, aos poucos, perpetuando na colônia o jeitinho, o favoritismo. No Império, a coisa piorou, os partidos governaram pelos seus interesses, não se pensava no país, mas nas próprias conveniências.

No livro ‘Memórias de um Sargento de Milícias’ (1852–1853), de Manoel Antônio de Almeida, não há classe trabalhadora. Todos vivem a boa vida sem produzir, e só os escravos são obrigados ao trabalho. O personagem, o nosso memorando, Leonardo, vive suas diabruras sempre protegido pela madrinha. Preso pelo vigoroso Major Vidigal, torna-se granadeiro, Leonardo perde seu primeiro amor para o inescrupuloso Manoel, a jovem Luisinha; mais tarde, com a morte de Manoel, Luisinha viúva, surge a possibilidade de casamento de Leonardo com Luisinha, mas Leonardo é granadeiro, a lei não permite o casamento.

No final do livro, aparecem as mulheres em comissão, para pedir ao major Vidigal permissão para o granadeiro deixar a milícia para se casar com Luisinha, o major invoca a lei, mas as interlocutoras dizem ao major, qual a lei, se o senhor é a lei. O major, dominado pelas faceirices da Maria Regalada e lembrando-se dos velhos tempos, acaba cedendo. Leonardinho é promovido a sargento de milícias, agora tem a herança do padrinho e um bom salário de sargento e o casamento feliz com Luisinha.

O livro mostra bem o mal terrível que está nas entranhas do Brasil, o favoritismo, o levar vantagem, se possível, sem fazer nada. Este mal vem se acumulando, passou o Império, veio a República Velha, eleições fraudulentas, leis que favorecem a grupos em detrimento da população mais pobre, as diferenças sociais cada vez mais acentuadas, com a ditadura Vargas, apesar dos avanços com leis trabalhistas, salário mínimo.

O monstro começa a ter nome e a fazer parte do dia a dia da sociedade, passa-se o tempo, final do século XX o monstro está presente em empresas, fazendas, em palácios, fazendo pressão sobre políticos e poderes públicos para ganhar licitações, fazendo grandes contratos com lucros excessivos e o país cada vez gastando mais, e cada vez mais desigual, mais pobre.

Este monstro corrói por ano 200 bilhões de reais, tirando investimentos da Saúde, da Educação, da Segurança, do Transporte Público, e matando os mais pobres. Este monstro está nas páginas policiais diariamente, um câncer fulminante, alimentado por partidos políticos, por políticos, por empresários gananciosos, por muitos cidadãos cuja preocupação única é manter o poder e destruir o país.

Este mal terrível pode ser vencido pela população com atitudes pequenas, votando corretamente, praticando a honestidade, não aceitando propina, exigindo seus direitos e cumprindo seus deveres, o remédio para combater esse mal terrível é a honestidade.

Só depende de nós: o mal terrível, ou seja, a corrupção, pode ser vencido!

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