Proteger o solo: questão de cidadania

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* Murilo Valle – Nesta semana comemora-se o Dia Nacional da Conservação do Solo (15), cujo propósito é o de desenvolver um pensamento crítico na população sobre a importância da correta utilização do solo como um recurso natural.

O solo é um recurso finito, pois é o resultado do intemperismo de rochas por agentes físicos, químicos e biológicos e, graças às suas características estruturais, além de constituir-se como habitat de diversas espécies animais, é por ele que brota uma ampla vegetação, capaz de formar paisagens distintas e permitir a sobrevivência de diversas espécies que interagem entre si e com o ambiente. Ainda, graças ao solo, tem-se as fontes de alimento, matéria-prima para os mais diversos fins, reciclagem de matéria orgânica, filtração e abrigo de água, dentre outros.

Em regiões densamente urbanizadas, como o grande ABCDMRR, tem-se uma visão de uso e ocupação do solo predominantemente para finalidades habitacionais, condição que dificulta um dos importantes papéis que o solo exerce: infiltração e escoamento da água de chuva. A diminuição de áreas permeáveis tem trazido prejuízos, à medida que são variáveis que afetam o escoamento da água e podem propiciar inundações.

As atividades humanas tem proporcionado significativa pressão ao ambiente e, quanto à proteção dos solos, tem-se, segundo o último relatório de áreas contaminadas no Estado de São Paulo divulgado pela CETESB, 5148 áreas contaminadas, dentre as quais 380 nos municípios de nossa região. Estas contaminações são marcadas, predominantemente, por vazamentos de contaminantes em postos de combustível e indústrias.  Em nossa região 16,3% referem-se a áreas sob investigação e com contaminação declarada, 66,3% em processo de remediação e as demais áreas em fase de reutilização e/ou reabilitação. Os números são preocupantes!

Outro problema ambiental, também notável em nossa região, é a erosão do solo. A erosão no solo caracteriza-se pelo arraste de materiais superficiais. A redução da cobertura vegetal e/ou o plantio de espécies inadequadas podem levar a perdas de solo e de sua capacidade produtiva; fazer o aporte de sedimentos nos rios, reservatórios e outros corpos d’água, causando assoreamento e contaminação dos mananciais. Obras de infraestrutura, como o Rodoanel por exemplo, quando realizadas sem os devidos estudos prévios, notadamente levam ao prejuízo ambiental, uma vez que o controle dos impactos durante e após as obras não possuem o lastro adequado à devida manutenção dos solos. O plantio exagerado de eucaliptos em áreas de mata atlântica, às margens das Represas Billings e Guarapiranga é um fator deletério ao meio ambiente que nos afeta diretamente.

Além de tudo isso, o solo é a base para a produção de alimentos, atua como filtro e reservatório de água e é imprescindível para a existência humana e para o desenvolvimento sustentável. Proteger o solo é uma questão de cidadania.

Fotos para divulgação do Prof. Dr. Murilo Andrade Valle, candidato à reitoria da Fundação Santo André. Fotos: Otavio Valle/Divulgação

* Prof. Murilo Valle é Doutor e Mestre em Geologia pela IGc/Universidade de São Paulo e Coordenador do Curso de Engenharia Ambiental – FAENG/Fundação Santo André. Contato com o colunista murilovalle@hotmail.com

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