Ataque à Lava Jato visa matar três coelhos com uma paulada só

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Gabriel Clemente – Depois de todo o país testemunhar e conferir a interferência política de Bolsonaro na PF do Rio, ao ameaçar Sérgio Moro dizendo: se não trocar a nossa segurança lá no Rio, eu troco o ministro” e “Eu não falei Polícia Federal na reunião. Falei PF”, o objetivo, agora, é tentar desmoralizar a operação ‘Lava Jato’, por meio do PGR Augusto Aras, escolhido a dedo pelo presidente, fora da lista tríplice, ‘questionando’ os métodos e os rumos da operação.

Como é de conhecimento público, o seu filho ‘número 1’, o senador Flávio Bolsonaro, está bem enrolado, sendo desnecessário elencar os motivos aqui, porque todo o país acompanha o caso do seu ex-chefe de gabinete na Alerj, o miliciano Fabricio Queiroz, bem como a considerável evolução patrimonial da família, que parece ser ‘mestre’ em fazer ‘excelentes’ negócios imobiliários.

Além disso, agora, o seu principal desafeto, o ex-ministro da Justiça, Moro, é a ‘bola da vez’.

Ao se desligar do governo, Moro revelou os seus motivos por razões óbvias. Afinal, na condição de ‘super ministro’, teria de vir a público explicar o que causou a sua saída.

Interessante salientar que, certa vez, tão logo deixou o governo, o ex-ministro Gustavo Bebbiano, falecido em março último, disse, em entrevista, que Bolsonaro ‘tem medo de Moro e deseja destruí-lo’.

Na ocasião, bem antes da ‘fatídica’ reunião ministerial de 22 de abril, a declaração causou espanto, parecendo uma invenção para ser usada como vingança, a fim de desestabilizar o governo.

No entanto, hoje, tudo parece fazer sentido. O comportamento do presidente só confirma o que Bebbiano afirmou.

Notem: Seguidas desautorizações públicas na tentativa de demonstrar poder sobre o ex-juiz símbolo da ‘Lava Jato’ e o total descumprimento do combinado, quando o convidou para integrar o governo, além de, logo dois dias depois, ter feito tudo o que Moro denunciou, só ratificam a afirmação de Bebbiano.

Bolsonaro queria Moro, apenas e tão somente, como um belo ‘capacho’ para ‘enfeitar’ o seu governo e tentar vender a falsa imagem de combate à corrupção. Só isso.

Contrariado e exposto publicamente, vem demonstrando comportamento desequilibrado, como de costume.

As tentativas de enterrar a ‘Lava Jato, por meio de Aras, têm três objetivos bem claros: Proteger a sua família de ‘surpresas indesejáveis’, os novos aliados do ‘Centrão’ e tentar atingir a reputação de Sérgio Moro que, caso se candidate, será um adversário bem indigesto às pretensões de reeleição.

O Brasil ‘esclarecido’ vê e sabe disso. Somente os seguidores radicais não veem, talvez, por que, não interessa enxergar o óbvio. Afinal, como prega o incontestável ‘clichê´, ‘o fanatismo cega’.

* Gabriel Clemente é jornalista graduado pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Atuou como repórter da Rádio ABC, assessor de imprensa político e Assistente de Comunicação Institucional do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA)

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